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Uma injustiça com os mais vulneráveis

A terceirização dos serviços públicos é, claramente, um erro. Um grande erro! No caso dos serviços públicos de as­sistência social, além de um erro, a terceirização da prestação de serviços é uma injustiça ainda mais severa com os mais pobres e viola direitos humanos essenciais.

Nas negociações que o Sindicato dos Servidores Mu­nicipais/RPGP tem buscado com o governo municipal, eu tenho insistido que considero completamente inapropriada a tentativa de terceirizar parte dos serviços da assistência social quando a população despenca para um nível econômico­-social mais baixo em 2022, terceiro ano consecutivo que o número de pobres aumenta em nossa cidade.

Ribeirão Preto é uma das maiores e mais ricas cidades do interior de São Paulo. A terceirização dos serviços públicos prestados pela SEMAS, evidentemente, viola as obrigações que uma cidade considerada a Califórnia Brasileira deve­ria ter com os mais sofridos. Se a terceirização dos serviços públicos também for adotada na assistência social colocará Ribeirão Preto em uma categoria única em matéria de retro­cesso social.

Nas últimas décadas, em diversificadas gestões, Ribeirão Preto conseguiu estabelecer um impressionante sistema de proteção social voltado para erradicar o abandono da popu­lação mais vulnerável. Os servidores públicos da SEMAS, de forma dedicada e esforçada, sempre contribuíram subs­tancialmente para reduzir os níveis de pobreza, desamparo e desigualdade em nosso município.

É um erro histórico forçar o relógio a andar para trás nes­se momento em que a população vulnerável mais precisa. Os gestores não conseguiram demonstrar o interesse público na terceirização e nem deixaram claro que não existe nenhuma outra alternativa.

Em resumo: não está claro que as medidas que se pretende adotar sejam necessárias ou proporcionais. Por isso mesmo, ao meu ver, a terceirização dos serviços da SEMAS viola tam­bém a Constituição Federal que veda a adoção de medidas deliberadamente regressivas.

O Sindicato dos Servidores Municipais/RPGP tem cobrado que o governo garanta um debate apropriado acerca da sua proposta de terceirizar em parte os servi­ços da SEMAS. Se adotada, sem qualquer debate, sem um planejamento mais profundo e adequado, a terceirização dos serviços de assistência social colocará os mais pobres e vulneráveis em risco de receber uma proteção social muito abaixo dos níveis atuais.

A verdade é que precisamos, todos, dialogar mais sobre isso e ter consciência do quanto seremos afetados, em nosso cotidiano e em nossos direitos, quando simplesmente aban­donarmos a população mais vulnerável à própria sorte ou aos cuidados de terceiros. É preciso ter em mente que, em cenários de crise e escassez, crianças, adolescentes, mulheres e os mais velhos serão os mais prejudicados.

Não é terceirizando os serviços de assistência social que o atual governo irá cumprir o compromisso público de agir a fim de mitigar os impactos da crise econômica no agrava­mento da desigualdade social. Se ainda não alcançamos o patamar de proteção social que Ribeirão Preto tem condições de garantir, especialmente no que diz respeito às pessoas em situação de vulnerabilidade e abandono, não é terceirizando os serviços públicos que o governo irá reverter esse cenário de violações e desigualdades.

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