Valdir Avelino *
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Às vésperas do início das eleições municipais, um levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e amplamente divulgado pela mídia, revela que mais de 5 milhões de jovens não estudam e não trabalham e sequer procuram emprego no Brasil. No 1º trimestre de 2023 esse contingente era de 4 milhões, mas agora, segundo o Governo Federal, acaba de alcançar a marca de 5,4 milhões. Os dados do ministério foram apresentados nesta terça-feira, dia 28, durante evento realizado no Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, ONG de inclusão social e empregabilidade jovem. São números alarmantes, sobretudo se considerarmos que a informalidade no mercado de trabalho entre os jovens está em torno de 45% daqueles que se encontram ocupados em nosso país.
Chamada geração nem-nem pela mídia e pelas autoridades governamentais, esse grupo de jovens entre 15 e 29 anos que hoje não estuda e nem trabalha, deveria ser renomeado como geração sem-sem: sem Estado, sem ensino adequado, sem opções sociais, econômicas e culturais. No fundo, sem um serviço público abrangente, valorizado e de qualidade, não tem como existir políticas públicas estruturantes e perenes para essa população de jovens brasileiros. A geração sem-sem é fruto da política do estado mínimo, do abandono gradual do papel estratégico do serviço público como impulsionador do desenvolvimento e crescimento sustentável do nosso país.
Espero que nas eleições municipais deste ano, os candidatos e candidatas expliquem como pretendem promover a inclusão educacional, social, cultural, esportiva e produtiva da nossa juventude. Os jovens brasileiros precisam ser contemplados com medidas efetivas e urgentes. Vejo que esses números apresentados pelo Ministério do Trabalho e Emprego comprovam a necessidade de uma intervenção multidisciplinar de todas as esferas de governo, o mais rápido possível, para tirar essa nossa juventude da desilusão e do abandono.
Não seria coerente, nem verdadeiro, qualquer candidato ou candidata apresentar um plano de governo prometendo um futuro melhor e menos desigual para nossa cidade, sem dedicar especial a atenção para uma geração que vem perdendo até mesmo a capacidade de sonhar.
Na esfera municipal, precisamos cobrar que o Município invista e amplie a oferta de políticas públicas, buscando e avançando por caminhos para livrar a nossa sociedade da incoerência e da tristeza de entregar boa parte da nossa juventude à desesperança e ao abandono. Se a sociedade não cobrar esse compromisso dos candidatos e candidatas, a cidade não terá como enfrentar esse grave problema, comprometendo não apenas o futuro desses jovens e de suas famílias, mas ameaçando o próprio futuro que todos queremos para Ribeirão Preto.
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis