Em seu segundo mandato como vereador, Paulo Modas (Pros) acredita que as próximas eleições municipais para o Legislativo, previstas para 4 de outubro do próximo ano, serão as mais diferentes de todos os tempos. Isso em função do fim das coligações nas eleições proporcionais.
Em entrevista ao Tribuna, o parlamentar justifica as dificuldades enfrentadas pela atual administração municipal, segundo ele, provocadas pelos problemas deixados pelo gestão anterior. Contudo, garante que isso não exclui a responsabilidade do atual governo em relação ao que chama de “muitos pontos críticos e obstáculos” que existem na cidade. “O administrador precisa ser criativo”, afirma Paulo Modas.
Tribuna Ribeirão – A ultima eleição municipal teve como ingrediente a Operação Sevandija que tirou de cena e levou para a cadeia antigos políticos da cidade. O senhor acredita que nas próximas eleições ainda haverá resquícios da Sevandija?
Paulo Modas – Em função da Sevandija a população está mais atenta na escolha de seus representantes e acompanhando mais o trabalho dos parlamentares que estão na ativa. Penso que na próxima eleição, o eleitor vai se preocupar em traçar um diferencial político dos candidatos, mediante o exercício do vereador ao longo do mandato, e o seu desempenho frente ao ato de fiscalizar e cobrar ações do governo. Acompanhar se os recursos do município estão sendo devidamente aplicados pelo Executivo para a promoção do bem-estar e qualidade de vida da população da população, entre outras cobranças importantes para o desenvolvimento da cidade. Será uma eleição das mais diferentes de todos os tempos, justamente porque se estará tentando um novo formato, sem coligações nas eleições proporcionais. Quanto aos vereadores investigados, é preciso aguardar o desfecho dos processos que ainda estão tramitando e que precisam ser julgados pela Justiça, para que não haja julgamento precipitado.
Tribuna Ribeirão – Em relação aos vereadores de outras legislaturas qual é o diferencial da atual Câmara?
Paulo Modas – A Câmara atual tem desempenhado um papel principalmente voltado para as questões sociais e da cidade. Acredito que nessa legislatura, os parlamentares têm tido a preocupação de ver os fatos acontecerem. A cidade é de todos e para todos. As cobranças estão sendo feitas freqüentemente no que diz respeito à saúde, condições das unidades de atendimento, Educação, asfalto, saneamento básico, com o objetivo de melhorar o município de Ribeirão Preto. Como parte dessa população e representantes dela, tenho acompanhado e cobrado o Poder Executivo constantemente para que todos os serviços sejam prestados à população.
Tribuna Ribeirão – Afirma-se que por ser formada em sua maioria por vereadores jovens e em primeiro mandato, a atual Câmara acaba cometendo alguns equívocos políticos. O senhor concorda com esta afirmação?
Paulo Modas – Não existe uma fórmula para ser vereador. Alguns assuntos têm trazido debates acalorados para a nossa Câmara Municipal. Isso é positivo e faz parte do parlamento. Também temos a responsabilidade com a Constituição Federal, Lei Orgânica do Município entre outras. Sabemos que houve uma boa mudança, mais da metade, na Câmara atual. São vereadores na maioria, mais jovens do que os que estavam. Porém, conscientes que só com novas mudanças os desafios por uma cidade melhor serão alcançados. Acredito que cada um tem seu jeito de lidar com a função e cada experiência contribui para busca de soluções para os inúmeros problemas apontados no município. Em 2016, o movimento, a situação, trouxe essa alternância de poder que é um dos fundamentos para a democracia.
Tribuna Ribeirão – Quais são seus principais projetos como vereador?
Paulo Modas – Tenho realizado um trabalho intenso com a fiscalização das contratações do município. A função principal da vereança é fiscalizar. Um dos eixos que mirei foi o Daerp, onde foi instalada a CPI do “Tapa Buraco”, que por muitas vezes foi noticiada pelo Jornal Tribuna. Esse trabalho foi para apurar os critérios utilizados nos serviços executados pela operação Tapa Buracos da Prefeitura, no reparo e na reposição asfáltica desses buracos. A finalidade foi entender o processo do serviço executado e se o dinheiro investido correspondia com a quantidade e qualidade do serviço prestado. O que acabamos por descobrir muitas irregularidades na execução desse contrato e que foram levantadas tanto pela CPI que fui o presidente, como pela perícia judicial que foi realizada para essas constatações. Foquei na autoria de projetos voltados para a transparência das ações do Poder Público, que viraram lei. Entender e saber no que o dinheiro público está sendo empregado e se está sendo utilizado de maneira justa e de forma correta.
Tribuna Ribeirão – O senhor foi o relator da CPI do Transporte Público?
Paulo Modas – Fui. A CPI apurou muitos descumprimentos tanto pelo Consórcio vencedor da concorrência como também por parte do Poder Público Municipal. Atualmente sou presidente da CEE que analisa e estuda a utilização dos antigos prédios da CETERP e com esse trabalho pretendemos que os prédios que estão localizados em áreas públicas (praças) voltem para o Município para serem utilizados pela Administração como equipamento social, servindo de posto de saúde, creches, quiçá, até escolas. Sou autor de projetos voltados para atendimento prioritário de pessoas diagnosticadas com câncer, pacientes transplantados; o boletim escolar da rede municipal também foi proposição de minha autoria; vagas destinadas a gestantes e pessoas com criança de colo nos hipermercados, supermercados. Para saber mais sobre meu trabalho acesse as mídias sociais facebookpaulomodas ou na Câmara Municipal.
Tribuna Ribeirão – Como o senhor analisa a atual administração municipal?
Paulo Modas – É de conhecimento de todos que a atual administração recebeu a cidade com muitos problemas. Mas isso não a exclui da responsabilidade dos muitos pontos críticos e obstáculos, que ainda temos em nossa cidade. O administrador precisa ser criativo e agir dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal. Vejo um grande déficit em nossa Saúde ainda, bem como, na Educação.
No que rege as políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência, está havendo alguns avanços, mais ainda precisamos colocar como prioridade o atendimento das normas ao que prescreve o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Tenho um trabalho antigo, antes de estar vereador ao qual me traz muita responsabilidade social e me enche de alegria: a dedicação é diária às famílias que estão com seus familiares acamados, necessitando de cadeiras de rodas, cadeiras de banho, andadores, muletas, camas hospitalares, atendimento médico, etc.
São equipamentos que a Prefeitura não disponibiliza para a população, o que tem feito com que eu lute, cobrando por esse tipo de serviço na cidade. As alternativas dessas pessoas são comprar ou alugar. Algumas famílias têm condições, mas a grande maioria não tem o que acaba por inviabilizando e comprometendo o orçamento familiar delas. O horizonte que enxergo, é que mesmo em pequenas escalas, temos encontrado o rumo e o impulso para irmos para a frente. Acredito que em um período mais distante, ou até mesmo imediato, já na próxima administração, encontraremos uma cidade com suas contas mais equilibradas, e aí sim, acredito que enquadraremos nossa cidade no patamar que ela merece.
Tribuna Ribeirão – Com o fim das coligações proporcionais nas próximas eleições para vereador, o senhor pode deixar o PROS, partido pelo qual se elegeu. Isso pode acontecer?
Paulo Modas – O PROS é o partido pelo qual fui eleito. Na eleição de 2016 foi feita uma chapa com 41 candidatos, sendo quarenta do partido e um candidato da coligação. Defendo um sistema mais justo, que é o sistema de voto distrital misto. O partido tem passado por algumas transformações desde sua fundação em 2013. Fui o fundador aqui na cidade, dirigindo o diretório municipal por três anos, o que me tornou uma referência, tanto aqui na cidade, como na Região Metropolitana. Confesso que já recebi vários convites de outros dirigentes de partidos e é sempre bom saber que despertamos interesse e que temos algo a agregar na formação desses ideais.
Tribuna Ribeirão – Ser vereador era o que o senhor esperava ou imaginava?
Paulo Modas – Sou um vereador que representa a população mais vulnerável, que está localizada em diversos bairros da cidade. Nesses locais fiz muitos amigos ao longo desses anos. Confesso que já havia recebido convites para me filiar em siglas partidárias. Mas ainda não estava 100% com esta decisão, de me tornar um membro, e quem sabe até vereador. Pela minha atividade empresarial, nas mais de cinco lojas que administrei por mais de trinta anos, sempre tive muito contato com pessoas, com o público em geral, e isso não é diferente como vereador. O vereador está todos os dias com pessoas e elas gostam desse contato. É o político que está mais próximo da população e é preciso estar muito atento para o que as pessoas falam, pedem, reclamam, elogiam. Você é um Ouvidor Público e representante da população.
Tribuna Ribeirão – O senhor é favorável à redução para vinte e dois vereadores na próxima Legislatura?
Paulo Modas – Sou favorável a manutenção das 27 cadeiras que hoje existem. O Poder Legislativo precisa ser forte. Precisa buscar a confiança da sociedade. Porque é ele que representa a voz da sociedade local. Diminuir cadeiras é sinal de enfraquecimento deste Poder, e quem perde é a sociedade/população com a diminuição de seus representantes. A cidade cresceu e crescerá muito ainda, tanto em número de habitantes como em extensão. A atual composição está dentro do que a Constituição Federal determina. Diminuir o número de vereadores não significa diminuir gastos. Vejamos, nas legislaturas anteriores os gastos da Câmara eram muito maiores chegando ao exagero. Com algumas medidas de economia tomadas a Câmara tem feito uma excelente contribuição ao Município. Mas, defendo que deva haver mais participação da sociedade nas audiências e reuniões públicas promovidas pelo poder público, na formação e discussão das leis, na fiscalização do dinheiro público, dos investimentos feitos pelo Poder Público.