Após as eleições que não reelegeram para o Senado o atual presidente Eunício Oliveira, entre outros “devedores” de inúmeros processos junto à Justiça, envolvidos principalmente na Operação Lava Jato, no entardecer da ressaca eleitoral, o mesmo presidente colocou em votação o aumento de 16,38% dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos argumentos é de que o Poder Judiciário, especialmente a Suprema Corte, está com os salários defasados, porque há cinco anos não recebe aumento dos atuais R$ 33.700,00 mensais. Com o aumento os salários passarão aos R$ 39.200,00 mensais, livres. Como os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal servem de teto e parâmetros para aumentos de todo o Poder Judiciário, como juízes, promotores, procuradores e servidores do mesmo, economistas sugerem que esse aumento implicará em 6 bilhões de reais a mais a serem gastos em 2019, naturalmente provenientes dos cidadãos que já pagam os mais elevados impostos do mundo.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, sentindo-se agraciado com este benevolente gesto do Senado Federal, afirmou que conversará com o vice-presidente da Suprema Corte, Luiz Fux, quando e como seria “interessante” rever o auxílio-moradia, que tentou suprir a defasagem do pequeno aumento dos salários do Poder Judiciário.
Já Ricardo Lewandowski considera justo o aumento porque o Judiciário teria conseguido devolver aos cofres públicos alguns milhões de reais desviados por políticos corrompidos e empresários corruptos, desvendados pela Operação Lava Jato nos últimos anos. Como se tivessem feito algum favor, ao invés de cumprirem com suas obrigações, aliás, geralmente prescritas pela demora!
Já foi amplamente divulgado que ao lado do senador e atual presidente do Senado, Eunício Oliveira, inúmeros “homens públicos”, especialmente o reeleito Renan Calheiros, estão na mira da Lava Jato, o que levanta inúmeras especulações a respeito do aumento dos salários dos ministros do STF. Trata-se de um agrado generoso do Congresso Nacional que continua mergulhado em casos esdrúxulos de corrupção?
Seria o Poder Judiciário mais generoso nas sentenças a serem aplicadas aos envolvidos que ainda gozam de tantos privilégios políticos? Mesmo sendo o aumento votado “legal”, não seria “imoral” diante da grave crise econômica imputada ao Brasil nesses últimos anos? Teria a mesma solicitude o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira, caso tivesse sido reeleito? Os nobres senadores pensaram no povo brasileiro que no final de tudo é quem paga a conta? Teria sido uma atitude de vingança contra o resultado das Urnas deste ano?
São meras especulações! A verdade é que projetos de lei muito mais urgentes continuarão engavetados porque não oferecem nenhum benefício pessoal aos políticos, deixando mais uma vez, o povo subjugado aos interesses de alguns, que não sobreviverão fora da política desastrosamente corrompida.
Está nas mãos do presidente da República sancionar ou vetar esta lei. O prazo expira no dia 28 de novembro. Quem sabe o presidente acusado de “golpista” e o mais impopular dos últimos 30 anos, pense no povo brasileiro e vete esta lei. Não estará poupando em nada o presidente eleito, mas poderá diminuir, mesmo que minimamente o pesado fardo que nosso amado povo carrega nos ombros. Que pelo menos no apagar das luzes, o atual governo, faça por merecer um último elogio!