Nascido de um pequeno olho de água límpida e cristalina na Serra do Cervo, município de Ipuiuna, no Estado de Minas Gerais, o Rio Pardo percorre cerca de 573 quilômetros, ou seja, tem a mesma extensão de outros famosos como o Sena, na França, e o Tâmisa, na Inglaterra. Atravessando a região Noroeste do Estado de São Paulo, deságua no Rio Grande, na cidade de Colômbia, nas proximidades de Barretos.
Direta ou indiretamente, o Rio Pardo banha doze municípios mineiros e trinta e oito municípios paulistas, propiciando, a cada quilômetro percorrido, uma visão cênica bonita e por que não harmoniosa da convivência dos recursos naturais com o homem quando e onde as regras da natureza foram respeitadas!
No passado, o Rio Pardo fertilizava – e agora tenta fertilizar –, por meio de sua extensa malha de afluentes e contribuintes, os solos mais férteis de nossa “Terra Brasilis”: os “latossolos” de terra roxa que possibilitaram a hegemonia regional do ciclo econômico do café, nas décadas de 1920 e 1930, atualmente também a maior produção e produtividade do ciclo sucroalcooleiro.
Assim, é que a região de Ribeirão Preto, hoje denominada, com muito orgulho, de Regiâo Metropolitana de Ribeirão Preto, está entre as dez regiões econômicas do país que ostentam a maior “renda per capita” de nossa “Terra Brasilis”!
Após este prólogo, mais histórico do que jornalístico, vamos ao subtítulo que é o real objetivo desta crônica sabatina.
Pardo: um rio luta contra o afogamento!
Em décadas passadas, contam os antigos moradores, o Pardo era um rio cheio de vida, limpo e muito piscoso. Atualmente, o que se presencia é a deterioração lenta e agressiva de suas águas por meio da deposição final “in natura” de esgoto clandestino, seja doméstico, industrial ou produzido em propriedades ribeirinhas, uso abusivo e indiscriminado de agrotóxicos nas áreas agriculturáveis que o margeiam, carregando estes venenos para sua calha, determinando um decréscimo significativo e cruel a flora e faunas aquáticas nativas e matas ciliares da região.
O modelo do desenvolvimento econômico-social regional, buscou, cada vez mais a produção, o lucro e o desflorestamento de suas margens. Hoje, com uma mata ciliar mínima, é um rio intensamente assoreado,o que no passado causava transbordamentos e inundações saudáveis em terrenos baixos e várzeas, hoje desapareceram demonstrando o rebaixamento do seu leito.
A falta de conscientização ambiental dos usuários, clubes recreativos, ranchos e pesqueiros, tentaram transformar o leito do Pardo em um grande depósito de materiais descartáveis e outros produtos finais do lixo de uma população crescente e insensível á conservação deste importante patrimônio natural. As coisas começaram a mudar há mais de duas décadas quando da criação dos comitês de bacia do Rio Pardo, e porque não de outros importantes rios! No entanto, sentimos hoje, com a estiagem que esturrica, falta de água no Pardão.
Com a palavra você leitor(a) que gostaria de ver um progresso sustentável da região…