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Esportes

‘Um pouco brasileiro’, Hamilton fala para multidão sobre racismo e exalta Senna

Por Ricardo Magatti

Lewis Hamilton demonstra a cada dia estar mais à vontade no Brasil. O heptacampeão mundial de Fórmula 1 saiu de Melbourne, deu uma passada em Londres e veio a São Paulo para uma palestra em um evento fechado. Ele discursou durante quase uma hora na manhã desta quarta-feira para uma multidão animada, falou sobre racismo e enalteceu Ayrton Senna, um de seus ídolos.

Hamilton foi o principal palestrante do VTEX Day, maior evento de varejo, negócios e inovação digital da América Latina, realizado no São Paulo Expo. No palco, o piloto da Mercedes foi aplaudido desde o início.

Boa parte do público presente na palestra ovacionou Hamilton, festejou sua presença e desafiou a organização ao fotografar e filmar o heptacampeão mundial, que disse se sentir “um pouco brasileiro”, arriscou algumas palavras em português e estendeu a bandeira do País ao final de sua participação.

“Este é o maior público que já vi. Tem um pouco de Brasil em mim”, iniciou Hamilton, após arriscar um “bom dia”, diante de quase 10 mil pessoas. “Neymar me convida para ir ao Brasil todos os anos. Quero passar mais tempo no país e aprender mais dessa cultura”, avisou.

Parte significativa da palestra foi dedicada à sua história de vida. Um garoto negro, oriundo de uma família de classe média de uma cidade do interior do Reino Unido, que driblou as adversidades para se tornar o maior campeão da Fórmula 1 e um dos principais esportistas da história.

“Sempre fui o único negro nos boxes. Quando eu perguntava o motivo, nunca ouvi uma resposta satisfatória. Acho que eles não estavam realmente interessados em achar uma resposta”, afirmou Hamilton, um dos mais importantes ativistas contra o racismo no esporte mundial.

Em 2020, ele criou a Comissão Hamilton, com o apoio da Mercedes, sua equipe na F-1, para estimular a diversidade no automobilismo Também é de sua autoria a Mission 44, uma fundação que capacita profissionais e inclui pessoas negras, em parceria com a fundação de caridade educacional Teach First. O projeto visa formar 150 professores negros para lecionar disciplinas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática nos próximos dois anos em comunidades carentes na Inglaterra.

“Fizemos este trabalho e já começamos a ver algumas minorias representadas no

esporte. Meu objetivo é ver um esporte mais diversificado em 10 ou 15 anos”, projetou o heptacampeão, disposto a ampliar a diversidade na Fórmula 1.

Entre as declarações do piloto, no palco, o público assistiu a vídeos da trajetória do britânico, desde o início do kart, até momentos marcantes de sua carreira, como a vitória épica conquistada no GP de São Paulo no ano passado, ocasião em que celebrou com a bandeira do Brasil. Seu ídolo, Ayrton Senna, não foi esquecido, é claro.

“Ayrton era o piloto que eu queria ser”, disse Hamilton, fã do futebol brasileiro, mas encantado, mesmo, por Ayrton Senna. “Eu jogava futebol, via a seleção brasileira. Mas quando voltava da escola gostava de ver o Ayrton. Fazia isso todo dia”, relembrou

“Quando Ayrton morreu eu estava correndo. Meu pai sempre não me deixava chorar. Então tive que me afastar por alguns instantes”, revelou, a respeito de como reagiu à trágica morte do piloto brasileiro, em maio de 1994, após acidente em Ímola.

Foram três os momentos de maior euforia da plateia. Quando Hamilton iniciou seu discurso, no momento em que disse estar “esperando o passaporte brasileiro” e nos minutos finais da palestra ao segurar a bandeira brasileira, entregue a ele por um dos fundadores do evento, Mariano Gomide. O britânico reconheceu que a categoria carece de um representante do Brasil no grid. “Nós definitivamente precisamos de outro piloto brasileiro na Fórmula 1”.

Depois de palestrar e deixar milhares eufóricos, Hamilton participou de um almoço para convidados, onde foram leiloados quatro capacetes autografados no dia pelo britânico. Todo o valor arrecadado será doado ao Instituto Ayrton Senna.

Na atual temporada da Fórmula 1, Hamilton aparece no quinto lugar, longe do topo, algo raro para ele nos últimos anos. Tem 28 pontos e está um pouco distante do líder, o monegasco Charles Leclerc, da Ferrari, que soma 71. Foi terceiro no Bahrein, décimo na Arábia Saudita e quarto na Austrália.

“É minha 16ª temporada na Fórmula 1 mas tenho a mesma fome do começo, o mesmo foco em treinar… Vocês podem não acreditar, mas tenho altos e baixos. Há dias em que acho que não sou bom o suficiente”.

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