Tribuna Ribeirão
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Um ponto luminoso 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Silêncio profundo. Sentado na minha varanda, observo o céu escuro de Lua nova. Nada de nuvens e várias estrelas e planetas brilham. Não é aquele céu magnífico que vemos nos lugares afastados das luzes da cidade, mas é um espetáculo bonito. Precisamos aprender a observá-lo mais vezes.

De repente, um ponto distante e luminoso rasga devagar e constantemente a escuridão. Queria que fosse um disco voador. Mas é apenas um dos muitos satélites artificiais que orbitam em redor de nosso planeta.

Durante milhões de anos, o homem observava nosso único satélite, a Lua, com espanto e incompreensão. E não conseguia entender como aquele corpo celeste,  – sabemos hoje arrancado do   fundo do Oceano Pacífico nos anos de formação de nosso planeta –  não caía em direção à Terra ou sumiria no espaço.

Somente no ano de 1687, Isaac Newton elaborou a Teoria da Gravidade, que explicaria o fenômeno, uma combinação de forças da Terra e da Lua que se atraiam mutuamente e permitiam a permanência do satélite em órbita ao nosso redor.

Newton fez também algumas experiências práticas: com um canhão apontado na horizontal da Terra, observou que a bala saía inicialmente numa trajetória reta, para depois ser atraída pela gravidade e cair. Disse que se houvesse um canhão suficientemente forte, a bala poderia vencer a força da gravidade e sair da Terra.

No século XIX, escritores lançaram obras de ficção científica, dentre eles Júlio Verne, as quais previam a criação deste canhão gigante e cápsulas carregando humanos para a Lua.

Entre 1947 e 1991, o mundo viveu a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, ambas possuidoras de grande arsenal atômico que, se usado, destruiria nosso planeta. Esta perspectiva manteve a guerra congelada, com escaramuças entre as duas potências, sem uso dos diversos tipos de bombas nucleares. Mas, desencadeou grandes esforços para trazer e manter os vários países na zona de influência de cada um deles.

E, desencadeou a Corrida Espacial, iniciada pela União Soviética que, em 1957 venceu as dificuldades de criação de um foguete potente e lançou o primeiro satélite artificial, o Sputnik ( companheiro , em português ). Pesava 83,6 k, tinha um diâmetro de 58 cm. Logo em seguida, foi lançado o Sputnik 2, carregando em seu bojo a cadela Laika. Os Estados Unidos, que já estavam na construção de  seus satélites, lançaram o seu primeiro em 1958.

Até hoje, mais de vinte mil lançamentos ocorreram, inclusive levando satélites para outros planetas do Sistema Solar, dos quais mais de 2.000 ainda orbitam a Terra.. Embora a perspectiva de uso militar fosse o grande motivo de seu desenvolvimento, os satélites passaram a ser usados em comunicações,  gerenciamento de rotas terrestres e previsão do tempo. Hoje, nossos telefonemas internacionais são feitos através deles, bem como podemos assistir a nossos programas de televisão graças aos vários artefatos que estão em órbita. Várias regiões da Terra que eram inacessíveis, passaram a integrar nossa aldeia global graças a eles.

Mais de 40 países possuem satélites girando em redor de nosso planeta, mas somente Rússia, Estados Unidos, China, França, Índia, Japão e Coreia do Norte têm foguetes que permitem lançá-los. Os demais  usam os mísseis desses países para levar seus satélites para o espaço.

O Brasil tem um tímido programa espacial, mas possui nove satélites em órbita, todos levados por foguetes de outros países. A maioria deles depende de gerenciamento de outras potências espaciais.

O ponto luminoso descreveu sua trajetória e desapareceu. E fui dormir com a alegria de testemunhar um grande feito da Humanidade.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

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