Tribuna Ribeirão
Cultura

Um Oscar para Ribeirão Preto

A 90ª cerimônia do Oscar, que começou na noite de do­mingo (4) e invadiu a madru­gada de segunda-feira, 5 de março, no Dolby Theatre, em Los Angeles, Califórnia (EUA), rendeu uma estatueta a “Me chame pelo seu nome”, copro­duzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira e pelo ribeirão-preta­no Lourenço Sant’Anna. Com 89 anos, o cineasta James Ivory venceu na categoria de melhor roteiro adaptado.

Com a estatueta, ele su­pera o até então mais velho vencedor, Ennio Morricone, que tinha 87 anos em 2016 ao ganhar com a melhor trilha sonora por “Os oito odiados”. Ivory podia ter perdido o pos­to se a diretora francesa Agnés Varda tivesse ganhado no me­lhor documentário com “Vi­sages Villages”, prêmio que foi para “Ícaro”. A cineasta tam­bém tem 89 anos, mas é oito dias mais velha.

As quatro indicações ao Oscar de “Me chame pelo seu nome” reconhecem um esforço coletivo diante de um orçamen­to enxuto, afirma o ribeirão­-pretano Lourenço Sant’Anna, produtor-executivo e um dos integrantes da equipe do pro­dutor Rodrigo Teixeira, que aju­dou a levar o longa-metragem à principal premiação do cinema mundial. O filme é dirigido pelo italiano Luca Guadagnino.

O romance baseado na obra do escritor norte-americano André Aciman mostra uma paixão vivida por um jovem de 17 anos e um estudante norte­-americano situado na Itália dos anos 1980. A produção chegou ao tapete vermelho com indi­cações de melhor ator (Timo­thée Chalamet), melhor roteiro adaptado (James Ivory), melhor trilha sonora (“Mystery of love”) e como um dos favoritos à cate­goria de melhor filme. Não deu. O outro brasileiro indicado era Carlos Saldanha, por “O Touro Ferdinando”, que perdeu o Os­car de melhor animação para “Viva: A vida é uma festa”.

Destaques do Oscar – Foi uma celebração da cultura lati­na no palco do Dolby Theatre, com as vitórias do Chile, de Guillermo del Toro e de “Viva – A vida é uma festa”. O Oscar de roteiro original foi para Jordan Peele, por “Corra!”, o primei­ro negro a concorrer em filme, direção e script. Outro Oscar, de roteiro adaptado, para “Me chame pelo seu nome”, e James Ivory ressaltou a importância da diversidade sexual. Lembrou até seu companheiro, o falecido produtor Ismail Merchant.

Os prêmios de coadjuvantes para Sam Rockwell (“Três anún­cios para um crime”) e Allison Janney (“Eu, Tonya”) eram mais que esperados. Gary Oldman e Frances McDormand, também favoritos, venceram como me­lhor ator e atriz por “O destino de uma nação” e “Três anúncios para um crime” – a estatueta dela foi roubada após a cerimônia, mas o suspeito foi preso e o Os­car recuperado.

Guillermo del Toro, outra barbada, foi melhor diretor por “A forma da água”, que ganhou também melhor trilha e direção de arte. Duas mulheres mara­vilhosas, Laura Dern e Greta Gerwig, atribuíram o Oscar de documentário, que não foi para Agnès Varda, “Visages Villages”, mas para “Icarus”, da Netflix, sobre um ciclista amador envol­vido num escândalo de doping.

O Oscar de efeitos visuais foi para o novo “Blade Runner”. “Dunkirk” levou os prêmios téc­nicos (melhor edição e mixagem de som, melhor montagem). A estatueta de melhor filme estrangeiro foi para o chileno “Uma mulher fantástica”, do di­retor Sebastián Lelio, um filme centrado numa personagem transgressora pelo simples fato de existir – a transexual inter­pretada por Daniela Vega.

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