Tive a felicidade e o privilégio de ser convidado pelo amigo Galeno Amorim, para participar de um audacioso programa denominado “Fome de Livro” do Governo Lula, que tinha como meta levar a leitura e o livro aos mais remotos rincões.
De acordo com o IBGE, à época, 86% dos municípios com até vinte mil habitantes não possuíam biblioteca.
Registro aqui o sucesso do programa, zerando os municípios sem livros, leitura e bibliotecas, sob a batuta do Galeno e do Governo Federal.
Chegando ao Rio fui trabalhar no 11º andar de um conjunto arquitetônico, o “Edifício Gustavo Capanema”, ícone da moderna arquitetura brasileira.
Localizado na Rua da Imprensa, Centro do Rio, o “Palácio Gustavo Capanema”, foi originalmente projetado pelos arquitetos Lúcio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernany de Vasconcelos, Jorge Machado e Oscar Niemeyer juntamente com a consultoria do arquiteto franco-suiço, Le Corbusier.
Bem, vamos aos caminhos e passos de um mineiro no Centro do Rio, maravilhado com o complexo formado pelos Jardins de Burle Marx, uma galeria a céu aberto, com os Azulejos de Portinari e a livraria Mário de Andrade.
Gostava de perambular no meu horário de almoço, resumido a um sanduíche de pernil, na Rua México, que absorvia pelas ruas, atônito, impressionado e perplexo com cada cena e lugar, meus olhos mais pareciam uma criança acordando nas manhãs de 25 de dezembro.
Eu caminhava, caminhava e caminhava, percorrendo vielas, ruelas, travessas, becos, atalhos, trilhos, veredas, com a nítida impressão de ouvir os cascos nas pedras e uma carruagem surgindo resgatando e emoldurando a história.
O Centro e suas marcas seculares, Cinelândia, Largo da Carioca, Theatro Municipal, Câmara, Estação de Bondes de Santa Teresa, Biblioteca Nacional, Museu Histórico Nacional, Aqueduto da Carioca, Alerj, MAM, Arco do Teles, Escadaria Selaron, Centro Cultural do Patrimônio do Paço Imperial, Centro Cultural Carioca, Rua da Carioca, Centro Cultural São Francisco da Penitência, Largo da Carioca, Convento de Santo Antonio, pertencente à Ordem Franciscana, rua do Ouvidor, Estátua do Pixinguinha, Lavradio, Feira do Lavradio, Alfândega, SAARA, Gonçalves Dias, Confeitaria Colombo, rua do Passeio, Jardins do Passeio Público e a Praça Mahatma Gandhi, Morro de São Bento, Mosteiro de São Bento, rua Luiz de Camões, O Real Gabinete Português de Leitura, Praça Mauá, Museu do Amanhã, Largo da Lapa, Arcos da Lapa, Largo de São Francisco de Paula, Praça XV, Praça 11 de Junho, Praça Tiradentes, Teatro João Caetano (berço de tudo), Teatro Carlos Gomes, Teatro Gonzaguinha, Teatro Dulcina, Sala Cecília Meireles, Circo Voador, Porto Maravilha, Aquário Marinho, Zona Portuária, e mais, muito, muito mais.
O Centro com suas igrejas, seus mistérios, suas áureas e seus enigmas, seu manto secular de fé, convicção e a forte tradição ecumênica, abraçando todas as crenças.
Igreja de Nossa Senhora da Candelária, com seu triste Monumento aos Mortos da Chacina da Candelária, Catedral Metropolitana de São Sebastião, Igreja de Santo Antonio dos Pobres, Igreja de Santa Luzia, Igreja de Nossa Senhora do Parto, Igreja de São Francisco da Penitência, entre tantas antiqüíssimas e marcantes.
O Centro e a boêmia carioca, Casa Paladino, Beco do Rato, Bar Luiz, Clube dos Democráticos, Angu do Gomes, Bar Brasil, Bar Gengibre, Estudantina Musical, Imaculada Bar & Restaurante, Carioca da Gema, Casa Villarino (atividades encerradas recentemente – 1953), Amarelinho, Cine Odeon, Verdinho da Cinelândia, Antonio´s, Belmonte, Leviano, Bar do Gouveia, conhecido como Whiskeria Escritório do Pixinguinha Gouveia e continua pelos caminhos de Baco.
Fim de expediente atravessava a Rio Branco, cortava a Cinelândia, rumando para a Lapa, retornava com parada obrigatória no Amarelinho, descia um pouco e terminava a “Via Sacra”, com chopinhos no Cine Odeon, totalmente restaurado.
Fui muito feliz no Rio.