Tribuna Ribeirão
Esportes

Um estranho no ninho da Nascar

Aos 33 anos de idade, o piloto ribeirão-pretano Marcos Gomes decidiu impulsionar a sua já vitoriosa carreira com adrenalina pura. Ou seria nitroglicerina? O certo é que Marquinhos, como é carinhosamente chamado, divide sua vida no momento entre as pistas brasileiras e os vertiginosos ovais norte-americanos, a bordo de um Toyota com 750 cavalos de potência, na mais cobiçada categoria dos Estados Unidos, a Nascar – a National Association for Stock Car Auto Racing, a Stock Car norte-americana.

Uma competição de carros de aparência semelhante aos modelos de rua. No Brasil, pela Cimed, ele duela na Stock Car, em circuitos mistos, contra grandes nomes do automobilismo nacional, muitos deles vindos da Fórmula 1, como Rubinho Barrichello. Foi campeão em 2015. “São dois momentos especiais: um bom e outro nem tanto. Os motores da Nascar são V8 de competição, com 750 cv, mais de 200 cavalos que os da Stock Car, o que tornam as corridas em algo especial.  O torque é absurdo. A parte difícil, é que o volante fica muito próximo ao corpo, o que atrapalha um pouco a tocada, porque você é obrigado a virar o tempo todo, mas já me acostumei”, explica.

O ribeirão-pretano fez sua estreia no oval de Bristol, pista de meia milha do Tennessee que é um verdadeiro Coliseu do automobilismo, com arquibancadas para mais de 160 mil pessoas, maior do que qualquer estádio de futebol no mundo. Na Nascar, tudo beira ao espetacular. Como os carros andam muito colados uns aos outros, os acidentes, os toques, são contínuos e até de má-fé. Para piorar a situação, eles são legais e estão no regulamento das 12 categorias que englobam a categoria. Marcos Gomes já foi vítima disso em todas as provas das três que já disputou como debutante e aspirante à categoria máxima. “Na Stock Car, para se ter uma idéia, o toque é passível de punição, dependendo da interpretação dos diretores de prova, o que torna a corrida ‘mais limpa’, coisa que por lá não ocorre”, compara.  O piloto também chama a atenção para o ímpeto dos velozes e furiosos pilotos em início de carreira, a quase maioria ainda adolescentes, com 17 ou 18 anos e que, praticamente, batalham por um lugar no pódio, custa o que custar, doa a quem doer. Na corrida de Langley, quando liderava a prova levou um totó e despencou na classificação. Na última prova, em South Boston, quando já vislumbrava um segundo lugar na primeira corrida, também foi atingido, caiu para quarto e assim cruzou a linha final. Foi o melhor resultado já conquistado pela sua equipe, a NextGen Motorsports.  

Na segunda prova da noite, largou em segundo lugar, mas estava sem suspensão e conseguiu levar o carro ao nono lugar. Na categoria dele, a K&N East, considerada a terceira mais importante dentre todas, das 14 etapas no ano, 12 são sempre aos sábados à noite, em duas baterias, exceção às duas etapas em circuitos mistos. “Tudo é muito diferente e emocionante ao mesmo tempo”, empolga-se.

Marquinhos mira a categoria principal
Estar na Nascar é se aproximar do paraíso para os pilotos da categoria turismo. Além de competitivas, as provas movimentam mais de US$ 10 bilhões por ano e conseguem chegar a mais de 12 milhões de casas com televisores ligados nas corridas nos Estados Unidos. A categoria é exibida em mais de 150 países, inclusive no Brasil.  

O sonho de Marquinhos é o de se transferir de vez para os Estados Unidos e fazer carreira na principal categoria da Nascar, a  Monster Energy NASCAR Cup Series . Competência ele tem de sobra. Mas o piloto ainda luta para atrair mais patrocinadores e se dedicar plenamente a um tipo de competição feito por americanos e para americanos.

O filho de Paulo Gomes, o Paulão, quatro vezes campeão brasileiro da Stock Car (1979, 1983, 1984 e 1995) a bordo dos lendários “Opalões”, quer ser mais um dos raros estranhos no ninho por lá, como Nelsinho Piquet já foi um dia. “Na minha categoria há três estrangeiros: eu e dois mexicanos”, relata.  

Uma das muitas diferentes entre a Nascar e a Stock Car brasileira está na tecnologia embutida nos carros. No Brasil, os bólidos são ‘mais aconchegantes’ que os ‘trovões’ norte-americanos, que apresentam carenagens mais sofisticadas, com melhor desempenho aerodinâmico e com mais espaço no cockpit.

Marquinhos espera ser competitivo até os 45 anos de idade, o que lhe dá mais de uma década de proezas em pistas brasileiras ou dos Estados Unidos. “Tenho feito todo esforço possível para conseguir bons resultados nas duas categorias e dar retorno aos patrocinadores”, diz o ribeirão-pretano, que voltará às pistas da Stock Car neste domingo, Em santa Cruz, no Rio Grande do Sul; no sábado seguinte (26), já estará em Memphis dividindo curvas com os ianques.

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