Meu querido amigo Maurílio Biagi Filho teve a gentileza de me enviar relatório produzido pelo Instituto Ribeirão 2030 que analisa a situação de nossa cidade, face à Agenda 2030, programa estabelecido pela ONU como esforço global para promover a diminuição da desigualdade e propiciar a inclusão dos mais vulneráveis às benesses do mundo desenvolvido.
Foram elencados pela comunidade internacional 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que serviram de base para a pesquisa. São itens da maior importância e para exemplificar, elencamos 4 destes 17 objetivos: acabar com a pobreza; garantir alimentação para todos; proporcionar saúde universal e prover educação de qualidade .
O Instituto Ribeirão 2030, fundado em abril do ano passado, é uma sociedade civil organizada e voluntária, com o objetivo de pensar, agir e transformar Ribeirão Preto numa cidade melhor. Sua administração é integrada por cidadãos locais que entenderam ser sua responsabilidade agir para a melhora da cidade.
O diagnóstico feito é preocupante para as pessoas que se interessam pela comunidade onde vivemos. Só a leitura cuidadosa do texto de 85 páginas, fartamente ilustrado com gráficos e fotos, dará ao leitor a devida dimensão de como estamos. No momento, o Instituto Ribeirão 2030 se ocupa em analisar as informações e elaborar os planos para propor as mudanças requeridas, com o objetivo de serem implementadas até o ano 2030.
É um trabalho de fôlego, que envolve várias pessoas, entidades públicas e privadas, elaborado em meio às dificuldades de um país em desenvolvimento. Mas, a situação atual me parece muito relevante para motivar a todos nós a nos engajarmos no programa.
Vejamos, como exemplo, a situação de pobreza de nossa cidade: constatou-se que 3 em cada 100 moradores vivem em situação de extrema pobreza, ou seja, mais de 21 mil pessoas desta cidade rica, desenvolvida e universitária vivem com menos de R$ 3,00 por dia. A situação é tão grave que 40% dos que teriam direito ao Bolsa Família não estão cadastrados para receber o benefício. A proliferação de favelas (mais de 100 núcleos atualmente) demonstra esta realidade. Vivendo na marginalidade, sem oportunidades, esta parcela expressiva de nossa população engrossa os números do abandono.
No campo da saúde, nossa cidade é importante centro médico, tem quatro faculdades de medicina, deveríamos ter um atendimento exemplar. É bem verdade que ostentamos números muito bons em relação ao resto do país, porém dois indicadores nos mostram que há ainda muito a fazer: o programa médico da família atende só 22% da população e há filas de espera de mais de dois anos para alguns exames e consultas.
Outro indicador de tirar o sono mostra que somente 19% dos alunos da rede pública (municipal e estadual) concluíram o Ensino Fundamental com aprendizado adequado de Matemática. Em Português, foram 58%.
O trabalho analisa o esforço do Poder Público Municipal em atacar os problemas apontados pelo relatório, porém sua contumaz falta de recursos impede uma ação mais eficiente. Nos próximos anos, o poder público terá pouquíssima margem de investimento social devido a gravíssima corrupção ,agora escancarada, à lentíssima recuperação da economia e pelo fato de a quase totalidade das despesas já estarem contingenciadas por lei.
Se a sociedade não se organizar e assumir a responsabilidade de buscar soluções para seus problemas, dificilmente conseguiremos uma cidade melhor e mais justa. Está na hora de abandonar nossa inatividade e abraçar trabalhos tão importantes como estes do Instituto Ribeirão 2030.