A Professora Gisele Laura Haddad, Doutora em Artes pela ECA/USP, é a autora do excelente livro que comemora o centenário da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Obra de fôlego, baseada em profunda pesquisa histórica, narra o nascimento e a vida dessa instituição que honra nossa cidade e região.
Inegável a contribuição da Orquestra Sinfônica para a cultura local. Desde 1922, mantida pelo seu quadro social, a orquestra se coloca entre a mais longevas do país. Em constante aprimoramento, é hoje um dos mais expressivos grupos culturais brasileiros.
O livro fixa a primeira apresentação da orquestra como data de sua fundação: 31 de outubro de 1922, no Teatro Carlos Gomes, concerto patrocinado pela recém criada Sociedade de Concertos Symphonicos de Ribeirão Preto. E informa que o mesmo foi realizado para arrecadar fundos em benefício dos músicos do Teatro Polytheama, destruído por incêndio.
Não se acha documento de seu segundo concerto, mas, nos arquivos da Orquestra encontra-se o programa da terceira apresentação, em 3 de maio de 1923.
Em 8 de outubro de 1930, a Orquestra Sinfônica participa da inauguração do Theatro Pedro II, com a abertura da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, iniciando uma longa e duradoura parceria, que dura até hoje, pois sempre que se fala da orquestra, pensa-se no teatro, sendo o oposto verdadeiro.
Em 23 de maio de 1938, funda-se a Sociedade Musical de Ribeirão Preto, mantenedora da orquestra, entidade esta que atualiza seu nome duas vezes: Sociedade Lítero-Musical de Ribeirão Preto, em 1976 e, finalmente, Associação Musical de Ribeirão Preto, em 2003, sua denominação atual.
O livro é recheado de fotos e recortes de jornais, abrangendo a longa e vitoriosa história da orquestra, bem como suas dificuldades e como estas foram vencidas, tornando-se não só referência para a orquestra, como peça importante para a história cultural da cidade.
Há farta documentação sobre os fundadores e os maestros que se sucederam, com destaque para Max Bartsch, seu primeiro Presidente. Alemão de Nuremberg, amante da música, depois de residir na Inglaterra, estabeleceu-se em Ribeirão Preto, onde trabalhou em várias fazendas, até ser contratado como jardineiro, pela Prefeitura Municipal, profissão que herdara do pai, quando então trabalhou na implantação e desenvolvimento de praças locais.
Durante a I Guerra Mundial, Max Barstsch foi desligado do serviço público e acolhido por Manoel Penna, que o instalou em sua chácara Santa Lúcia, nas cercanias da cidade, onde se refugiou durante o conflito. Ali realizou o paisagismo do local.
Contemporaneamente, é sempre lembrada a figura de Luiz Gaetani, que por longos anos foi o esteio da orquestra e Presidente de sua associação mantenedora.
Todos nós, ribeirão-pretanos de nascença ou adoção, devemos nos orgulhar de nossa orquestra. Poucas são as cidades que têm o privilégio de ter um grupo musical como o nosso, bem como iniciativas em prol do desenvolvimento de jovens músicos. Ter a possibilidade de assistir regularmente a seus concertos coloca Ribeirão Preto no mesmo nível de cidades do primeiro mundo.
A orquestra depende de cada um de nós para existir e brindar a população com música de ótima qualidade. Parabéns pelo centenário, parabéns a Gisele Laura Haddad pela excelente obra que o comemora. Parabéns ao grupo capitaneado por Sílvio Trajano Contart, responsável pela orquestra e suas atividades paralelas nos dias de hoje.