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Ulisses e Mulheres Apaixonadas

Um aluno da faculdade de Direito, nos idos de 1960, percebeu que um dos seus colegas, sentado na carteira ao seu lado, tinha em suas mãos o extenso volume do romance “Ulisses” escrito por James Joyce.

Muito surpreso, solicitou ao colega que lhe emprestasse o livro apenas para examiná-lo. Depois de folhear as páginas iniciais da obra, devolveu o livro perguntando ao colega onde havia ele comprado a obra, porque, ao que sabia, até então não era encontrada no Brasil.

O dono do livro respondeu que havia adquirido o livro em Portu­gal, perguntando-lhe, em sequência, como tomara conhecimento do “Ulisses”, ainda não editado no Brasil.

Seu colega respondeu que lia nos jornais e revistas textos a res­peito do livro, escritos por um tal de José Guilherme Merchior. José Guilherme Merchior sou eu, esclareceu o dono do livro.

Pouco tempo depois os jornais publicaram que o Brasil era a pá­tria de dois gênios: Pelé e José Guilherme Merchior. O primeiro havia nascido sabendo construir todas as jogadas do futebol. Merchior, por sua vez, no seu nascimento, já chorava em seis idiomas diferentes. Os gênios não melhoram nem pioram quando exercem suas qualidades pessoais, afirmava-se.

Merchior com toda a sua bagagem realizou uma brilhante e rápida carreira na diplomacia e na literatura, alcançando o cargo de embaixador.

O “Ulisses”, anos depois, foi publicado no Brasil. A sua primeira edição foi traduzida pelo também diplomata Antônio Houaiss. “Ulis­ses” é considerado o mais importante romance do século XX. Joyce inspirou-se no relato de Homero, descrevendo a viagem de Ulisses depois de encerrada a guerra de Troia.

Joyce desenvolveu seu trabalho transportando a história gre­ga para a Irlanda. O seu Ulisses foi convertido em um irlandês. A narrativa é desenvolvida em “um só dia” que se inicia com alguém pronunciando em latim “introibo ad altare day”.

Insisto em dizer que o romance narra os acontecimentos por ele vividos pelo Ulisses irlandês em “um só dia”. Espantosamente o romance editado no Brasil tem 846 páginas. Seriam necessárias 846 páginas para narrar o desenvolvimento de um irlandês em um único dia? A questão é irrespondível.

Hoje o livro é considerado como a obra literária máxima do sé­culo XX. James Joyce caminhou por vários caminhos, entre os quais, em vários momentos, recria a linguagem da narrativa.

O livro foi editado em Paris em 1922, tendo sido imediatamente proibido, em todos os países de língua inglesa, inclusive nos Estados Unidos. A crônica registra que várias de suas edições foram queima­das em vários portos.

No Brasil, depois de 1960, ocorreram algumas outras edições deste livro que, muito embora considerado pornográfico na Europa, hoje é considerado a obra máxima literária do Século XX.

É possível afirmar que muitos padrões tanto de usos literários, quanto morais foram objetos do trabalho, passando a ser, até mesmo durante os nossos dias, verdadeiro modelo de criação.

Nos dias de hoje, uma das novelas exibidas pela TV, transfere para as mulheres os costumes masculinos, não apenas na administra­ção de empresas, mas no tocante à conquista amorosa. São elas que perseguem os homens e não o contrário como até então era o modelo consagrado.
Já na estaria no momento no qual caberia às mulheres assumir a responsabilidade tanto na administração de empresas como no envolvimento amoroso? O autor da novela navega por um dos caminhos abertos pela nossa Odisseia irlandesa!

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