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Ucrânia – Ataque mata dez na fila do pão

THOMAS PETER/REUTERS

Ao menos dez pessoas mor­reram em um ataque da Rús­sia na cidade de Chernihiv, na Ucrânia. Segundo a Embaixada dos Estados Unidos em Kiev, as pessoas esperavam na fila para comprar pão quando foram atingidas, nesta quarta-feira, 16 de março. A informação tam­bém foi divulgada pela Procura­doria de Justiça ucraniana.

“Soldados russos atiraram contra pessoas que faziam fila para comprar pão perto de uma mercearia em uma área residencial de Chernihiv. De acordo com um balanço ini­cial, dez civis foram mortos”, anunciou a Procuradoria de Justiça em comunicado. Se­gundo a Organização das Na­ções Unidas (ONU), 726 civis ucranianos já morreram na guerra, entre eles 64 crianças.

“Hoje (ontem), as forças russas atiraram e mataram dez pessoas na fila por pão em Chernihiv. Tais ataques hor­ríveis devem parar. Estamos considerando todas as opções disponíveis para garantir a res­ponsabilização por quaisquer crimes de atrocidade na Ucrâ­nia”, escreveu a Embaixada dos EUA no Twitter.

Vídeo
Um vídeo localizado pela emissora americana CNN con­firma que um projétil ou foguete atingiu um grupo de pessoas na manhã desta quarta-feira, en­quanto um repórter local disse que pelo menos dez pessoas fo­ram mortas no ataque. Nas re­des sociais, imagens do ataque já começam a se espalhar.

“Em Chernihiv, tropas rus­sas dispararam contra pessoas que faziam fila para comprar pão: pelo menos dez mortos”, também escreveu o Serviço de Comunicações Especiais do Es­tado e Agência de Proteção da Informação da Ucrânia em sua conta no Twitter. A Rússia, que chama suas ações militares na Ucrânia de “operação especial”, não comentou imediatamente a acusação. Moscou nega atacar civis na Ucrânia.

Negociações
Apesar dos ataques, Ucrânia e Rússia fizeram “progressos sig­nificativos” em um plano de paz provisório de 15 pontos, incluin­do um cessar-fogo e a retirada russa se Kiev declarar neutrali­dade e aceitar limites para suas forças armadas, segundo três pessoas envolvidas nas negocia­ções afirmaram ao jornal britâ­nico Financial Times.

“O acordo proposto, que os negociadores ucranianos e rus­sos discutiram na íntegra pela primeira vez na segunda-feira, envolveria Kiev renunciando às suas ambições de ingressar na Otan e prometendo não hos­pedar bases militares estrangei­ras ou armamento em troca de proteção de aliados como EUA e Reino Unido e Turquia”, diz o Financial Times.

A natureza das garantias ocidentais para a segurança ucraniana – e a aceitação de Moscou – ainda pode ser um grande obstáculo para qual­quer acordo, assim como o sta­tus dos territórios ucranianos tomados pela Rússia em 2014. Um acordo de 1994 que sus­tentava a segurança ucraniana falhou para evitar a agressão russa contra o seu vizinho.

Embora Moscou e Kiev te­nham dito nesta quarta-feira que “fizeram progresso” nos ter­mos de um acordo, autoridades ucranianas continuam céticas que o presidente russo, Vladimir Putin, está totalmente compro­metido com a paz e teme que Moscou possa estar ganhando tempo para reagrupar suas for­ças e retomar sua ofensiva.

Mikhailo Podoliak, conse­lheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, disse ao Financial Times que qualquer acordo envolveria “a retirada total das tropas da Federação Russa do território da Ucrâ­nia”, ocupadas desde o início da invasão em 24 de feverei­ro – ou seja, regiões do sul ao longo dos mares Azov e Negro, bem como território a leste e norte de Kiev.

A Ucrânia manteria suas Forças Armadas, mas seria obrigada a ficar fora de alian­ças militares como a Otan e a se abster de hospedar bases mili­tares estrangeiras em seu terri­tório. O secretário de imprensa de Putin, Dmitri Peskov, disse a repórteres que a neutralida­de para a Ucrânia com base no status da Áustria ou da Suécia é uma possibilidade.

O maior ponto de discór­dia continua sendo a exigência da Rússia de que a Ucrânia re­conheça sua anexação da Cri­meia em 2014 e a independên­cia de dois estados separatistas na região da fronteira oriental de Donbas. O país invadido até agora recusou, mas está disposto a compartimentar a questão, disse Podoliak.

Ataques a principais cidades continuam
Apesar do progresso nas negociações de paz, as cidades ucranianas continuam sob forte bombardeio. As forças armadas ucranianas lançaram contra-a­taques contra tropas russas fora da capital, Kiev, e em Kherson, ocupada pelos russos. A in­formação é de um alto oficial militar ucraniano. O objetivo é causar baixas em massa aos mi­litares russos, em vez de recon­quistar o território.

A operação começou na noite de terça-feira e segue nesta quarta. Segundo o militar ucra­niano, o contra-ataque envolveu ataques de artilharia, caças e tan­ques. Imagens de satélite de ter­ça-feira (15) mostram uma forte fumaça negra acima do aero­porto de Kherson, local onde o oficial disse que os ucranianos atacaram aeronaves militares russas estacionadas.

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