Neve, frio e estradas bloqueadas dificultaram os esforços para responder a dois fortes terremotos ocorridos na segunda-feira, 6 de fevereiro, que mataram cerca de 7.800 pessoas no sul da Turquia e no norte da Síria, levando o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a declarar estado de emergência por três meses nas áreas afetadas do país.
“A escala do terremoto, é claro, nos obriga a tomar certas medidas extraordinárias”, disse Erdogan nesta terça-feira, dia 7, em um discurso televisionado. “Estaremos completando todos os procedimentos e formalidades necessárias muito rapidamente.” Balanço atualizado na noite de ontem indicava 5.894 mortos no país e mais 1.900 na Síria – 7.794, mas o número deve ser superior.
Até o final da tarde, números oficiais apontavam 5.434 mortos na Turquia, informou o Ministério da Saúde do país. Na Síria, o saldo era de 1.832 mortos, de acordo com o governo e um serviço de resgate no noroeste do país, chegando a 7.266. Em poucas horas, mais 528 vítimas foram localizadas. Dezenas de milhares de pessoas estão feridas ou ficaram desabrigadas em cidades da Turquia e do norte da Síria.
As autoridades turcas dizem que cerca de 13,5 milhões de pessoas foram afetadas em uma área de cerca de 450 quilômetros. As autoridades sírias relataram mortes até o sul de Hama, a cerca de 250 km do epicentro. Um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que milhares de crianças podem ter morrido.
A magnitude dos dois tremores principais atingiu 7,8 e 7,7 graus na Escala Richter, respectivamente. Seis mil prédios foram destruídos na Turquia, que até ontem contabilizava mais de 20 mil feridos. O sul do país experimentou 285 tremores secundários, incluindo alguns fortes o suficiente para causar o desmoronamento de novos edifícios.
Segundo Orhan Tatar, funcionário da agência de gerenciamento de desastres do país, “a cada minuto novos tremores estão acontecendo”. Foi o pior abalo sísmico desde 1939 na região. Na Síria, o desastre abalou uma região do país que abriga milhões de pessoas deslocadas pela guerra civil, muitas delas vivendo em acampamentos improvisados.
Os terremotos na Síria mataram milhares de pessoas na região de Alepo e em várias outras áreas do país, segundo a organização de Defesa Civil da Síria e o Ministério da Saúde afiliado ao governo em Damasco. O chefe do Crescente Vermelho Sírio pediu a suspensão das sanções internacionais impostas ao governo de Assad para permitir a entrada de ambulâncias, veículos de combate a incêndios e outros equipamentos pesados no país para operações de resgate.
Em toda a Turquia, a agência de emergência do país reuniu cerca de dez mil pessoas para um esforço de busca e resgate, disseram autoridades. O governo turco também mobilizou as forças armadas ao lado das autoridades de saúde para uma resposta nacional ao desastre. A estimativa é que o número de vítimas fatais pode chegar a 10.000.
Nesta terça-feira, 25.000 pessoas participavam das buscas e das operações de resgate nos dois países, incluindo militares. Foram destinados 12,1 milhões de euros em fundos urgentes para as dez províncias mais afetadas. Já ofereceram ajuda internacional os Estados Unidos, União Europeia, China e até Israel, entre outros países, incluindo o Brasil.