Nicola Tornatore
O Tribuna inicia neste domingo, 6 de maio, uma série que vai retratar os personagens mais importantes da história de Ribeirão Preto. Para começar, ninguém melhor que José Borges da Costa, um dos doadores de terras para a formação do patrimônio religioso de São Sebastião – onde nasceu a vila que virou a metrópole de uma região com mais 33 cidades e população estimada em 1,67 milhão de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos fundadores de Ribeirão Preto, José Borges da Costa teve papel importante no surgimento do povoado hoje empresa o nome à uma rua no Alto da Boa Vista, na Zona Sul. Na década de 1850, quando começou o arraial que deu origem à cidade, ele era um dos principais donos da fazenda Barra do Retiro, gênesis da povoação. Com uma vida das mais atribuladas – quatro casamentos e inúmeras disputas judiciais –,simbolizou o mais marcante fluxo migratório que resultou na ocupação do nordeste paulista e na fundação de Ribeirão Preto – os mineiros criadores de gado que deixaram o sul de Minas Gerais para povoar a região.
O primeiro fluxo migratório que deu origem à população de Ribeirão Preto veio principalmente de Minas Gerais, área de povoação mais antiga e onde já eram escassas as terras livres para serem apossadas. O fenômeno já foi descrito por inúmeros historiadores. As famílias geralmente tinham muitos
início dos anos 1800, um de seus filhos, José Borges da Costa, nascido em Campanha em 1766, migrou para o “sertão desconhecido”, levando junto boa parte da família, incluindo vários filhos, um deles batizado com o mesmo nome do pai, e que entraria para a história como um dos fundadores de Ribeirão Preto.
Junto com os Borges da Costa, outra família fundamental no surgimento de Ribeirão Preto foi a Reis de Araújo. Manuel José dos Reis de Araújo, nascido em Jacuí (MG), casou-se com Maria Madalena de Jesus, natural de Congonhas do Campo (MG). Os filhos deste casal (Vicente, Mateus e Manuel José dos Reis de Araújo) foram os primeiros povoadores das terras onde surgiu Ribeirão Preto.
No censo de 1808 apareciam alguns sertanejos listados como moradores do Bairro do Rio Pardo, indicando que habitavam o vale do Rio Pardo ou vivessem ao longo dele.
Num censo de 1811 aparece o nome de Maria Madalena de Jesus, casada com Manuel José dos Reis de Araújo. No de 1835, estão os nomes de José Borges da Costa (vindo de Campanha) e Manuel dos Reis de Araújo, que habitavam uma área batizada de Fazenda Figueira. Em 1848, a divisão judicial dessa área mostrava que Maria Madalena doou a propriedade, ainda em vida, para os filhos.
Os documentos judiciais revelam que Maria Madalena morava no distrito de Franca e que em 1808 seus filhos Mateus e José dos Reis de Araújo “procuraram os sertões de São Simão” atrás de terras devolutas que pudessem ser ocupadas.
Após sucessões, heranças, doações, compras e vendas, essa fazenda transformou-se num grande condomínio que ao ser desmembrado tinha nada menos que 72 sócios, entre os quais José Borges da Costa, que se casara em 1839 com Maria Felizarda, viúva de Manuel José dos Reis de Araújo.
Maria Felizarda, por sua vez, pouco antes de morrer (em dezembro de 1856) redigiu seu testamento e deixou 400 mil réis para as obras da igreja que seria construída no planejado novo povoado – a Igreja de São Sebastião do Ribeirão Preto (a primeira, localizada onde hoje está a fonte luminosa da praça XV de Novembro).