Tribuna Ribeirão
Túnel do Tempo

Túnel do Tempo – Morte do pai deflagrou a primeira briga

José Borges da Costa, o pai, morreu em 1835, na Fazenda Águas Claras, em São Simão. Sua esposa, Ana Maria da Trindade, faleceu em 1838. O inventário, aberto em 1842, deu origem a um racha na família, opondo, de um lado, José Borges da Costa, e de outro, o cunhado Antonio Garcia Duarte e o irmão Manoel Borges da Costa.

José Borges da Costa, o filho, numa petição de 1842, acusava o irmão Manoel Borges da Costa de retardar a divisão da herança. Ele reclamava que os pais falece­ram deixando muitos herdeiros e que, citados pela Justiça, todos compareceram, menos Manoel, “que se acha da posse dos bens e se oculta e ainda pretende atrapa­lhar tudo, afim de por mais tem­po desfrutar dos bens da herança, possuído de ambição cega”.

A essa altura, José Borges da Costa, o filho, já havia se casado pela segunda vez. Foi em 15 de novembro de 1839, na Fazenda Figueira, em São Simão. A nova mulher, Maria Felizarda, era viú­

bastião do Ribeirão Preto a quan­tia de quatrocentos mil réis”. A exemplo do inventário dos pais de José Borges da Costa, esse tes­tamento também virou alvo de inúmeras contestações, incluindo a de Mateus dos Reis Araújo, gen­ro da finada Maria Felizarda.

Ele dizia não se conformar “com o estado do presente in­ventário por quanto faltam ser descriptos e avaliados os seguintes bens”, enumerando terras, animais, escravos e até 130 capados gordos (porcos). Borges da Costa rebateu todas as acusações e a briga se arras­tou por alguns anos, terminan­do com uma partilha bastante vantajosa para José Borges da Costa. Este, em 26 de agosto de 1861, entregou ao fabriqueiro (responsável pelo patrimônio do santo) Manuel Fernandes do Nascimento 360 mil réis (des­contou sua comissão de 20%), que permitiram o início da construção da sonhada igreja, em substituição à rústica capela (de sapé) onde não se podiam celebrar missas.

Essa doação teria grande importância nos primórdios do povoado de Ribeirão Preto. A ca­pelinha erguida por “pessoas do povo” em 1853 não era, aos olhos da Igreja, “um local decente”. Em 19 de junho de 1856, data em que se comemora a fundação de Ribeirão Preto e meses antes da morte de Maria Felizarda, um juiz oficializou a doação das terras a São Sebastião, onde seria erguida uma capela com o aval da Igreja.

Mas a escolha do local exato para a construção da igreja só foi ocorrer em 28 de março de 1963, pelo padre Manuel Euzébio de Araújo – o mesmo que assina­ra a rogo o testamento de Maria Felizarda, a segunda viúva de José Borges da Costa. Este, por sua vez, casou-se em 1858 com Ana Flausina do Carmo, que morreu em 11 de janeiro de 1859. No início de 1860, José Borges da Costa casou-se pela quarta vez, com Leonor Josefina Nogueira, descendente dos fundadores de Baependi (MG). (NT)

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