Quarenta e quatro pessoas morreram e cerca de 150 ficaram feridas durante um evento religioso superlotado no norte de Israel, na noite de quinta-feira, 29 de abril. Segundo os serviços de saúde israelenses, pelo menos 20 pessoas estão internadas em estado grave. O jornal Jerusalem Post afirmou, contudo, que o número de feridos ultrapassa a centena.
O acidente ocorreu no Monte Meron, na região da Alta Galileia, onde cerca de 100 mil pessoas se reuniram para o festival do Lag Ba’Omer. Segundo testemunhas ouvidas pelo jornal Haaretz, o tumulto começou depois que algumas pessoas escorregaram em degraus, sendo pisadas pela multidão que vinha atrás.
Inicialmente, havia sido informado que o acidente fora provocado pelo desabamento de uma arquibancada. “Estávamos na entrada, decidimos que queríamos sair e então a polícia bloqueou o portão, e quem queria sair não podia. Nessa confusão, começamos a cair uns sobre os outros. Pensei que ia morrer. Eu vi pessoas mortas perto de mim”, declarou uma testemunha ao jornal Maariv.
Devido à grande quantidade de pessoas, as equipes de resgate encontram dificuldades de chegar até as vítimas, muitas das quais foram levadas de helicóptero para hospitais próximos. No Twitter, o primeiro ministro Benjamin Netanyahu afirmou que este foi um “grande desastre” e que rezava pela recuperação das vítimas.
Duas pessoas acusadas de atrapalhar o trabalho das equipes de resgate foram detidas. A festividade ocorre diante de alertas das autoridades sanitárias, preocupadas com possíveis novas infeções por covid-19, justamente quando o país começa a retomar a normalidade, com a vacinação acelerada, e depois de uma série de longos confinamentos. Esta é a maior aglomeração ocorrida em Israel desde o início da pandemia.
Após testemunhas relatarem que a polícia dificultou a dispersão de peregrinos no início da confusão, o Ministério da Justiça do país disse que vai investigar se houve má conduta policial relacionada à tragédia. A polícia informou ao jornal Haaretz que iniciou uma investigação sobre o incidente. As circunstâncias exatas da tragédia ainda não foram determinadas.
Algumas testemunhas disseram ao jornal israelense que policiais acabaram aumentando o problema ao não permitir que as pessoas se dispersassem logo após o início do tumulto, o que a corporação nega. Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram um grande número de judeus ultraortodoxos agrupados em espaços apertados.
Eles estavam aos pés do Monte Meron para celebrar o Lag Ba’Omer”, um feriado judaico em homenagem ao rabino Shimon bar Yochai, que viveu no século II e está enterrado no local. Amit Sofer, membro do conselho regional de Merom Hagalil, afirmou que as autoridades pensaram inicialmente que “um palco havia desabado”.
O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu diz que a tragédia é uma das catástrofes mais graves da história do país. “A catástrofe do Monte Meron é uma das mais graves a atingir o Estado de Israel”, afirmou em uma mensagem no Twitter o chefe de Governo, que visitou nesta sexta-feira (30) o local e decretou um dia de luto nacional no domingo.
A festa no Monte Meron foi proibida no ano passado por causa das restrições impostas pelas autoridades para evitar a propagação do coronavírus. Neste ano, as autoridades permitiram a presença de dez mil pessoas na área do túmulo, mas, segundo os organizadores, em todo o país foram fretados mais de 650 ônibus, o que representa pelo menos 30 mil pessoas.
A imprensa local calculou o fluxo em 100 mil pessoas, mas o número não foi confirmado pelas autoridades. Em 2019, um ano antes da pandemia que provocou o cancelamento da peregrinação em 2020, os organizadores calcularam que 250 mil pessoas compareceram ao local.