Por Luiz Zanin Oricchio, especial para o Estadão
O que podem significar tantas indicações (11) para uma “obra” (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) que mais parece videogame que filme de cinema para valer? Para uma ficção científica que dialoga com o metaverso, mas que nem de longe passa perto de clássicos do gênero que reinventaram nossa maneira de ver o mundo baseando-se em especulações científicas, como são os casos de 2001 – Uma Odisseia no Espaço ou Solaris, para ficar nos clássicos? Bem, pode expressar a crise de criatividade do cinema atual, ainda mais quando pensamos que ganha a companhia da continuação de Avatar: O Caminho da Água entre os concorrentes a melhor filme.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (que alguém já rebatizou de “Nada em Nenhum Lugar em Tempo Algum”) tem concorrentes sólidos para sua, digamos, “estética” delirante. A começar por Nada de Novo no Front, densa adaptação da obra de Erich Maria Remarque sobre os horrores da 1.ª Guerra Mundial. Ou o memorialístico Os Fabelmans, sobre a infância de Spielberg e a descoberta de seu amor pelo cinema. Convencional mas, bonito. Ou mesmo a cinebiografia inventiva de Elvis Presley dirigida por Baz Luhrmann.
Guerra
O irlandês Os Banshees de Inisherin, de Martin McDonagh, é um filme estranho, porém tem seduzido parte da crítica. Fala do súbito rompimento de uma amizade, tendo por pano de fundo uma guerra da qual se ouvem apenas alguns rumores distantes. Num tempo explícito, sabe ser alusivo.
Tár, de Todd Field, é uma presença marcante, em especial por Cate Blanchett, que faz uma maestrina durona e que entra em crise por suas próprias contradições. Discute música, política, gênero, numa trama tensa puxada por sua extraordinária protagonista, favorita para o prêmio de melhor atriz. Entre Mulheres, um filme correto, entra na cota #MeToo. E, por contraste, Top Gun: Maverick, na do saudosismo machista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.