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#TribunaRibeirão25Anos – FMRP : inovadora desde a sua fundação

IMAGENS.USP.BR

A criação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Pau­lo (USP) está diretamente atrelada a questões políticas e sociais que vigoraram na década de 1940. A população comemorava o fim da Segun­da Guerra Mundial e clama­va por melhor qualidade de vida, o que incluía cultura e educação de qualidade.

Com isso, muitas cidades do interior de São Paulo rei­vindicavam faculdades para oferecer aos seus jovens ensi­no de superior na formação de profissionais liberais e conse­quentemente uma melhoria na economia destas regiões.

Em Ribeirão Preto não foi diferente. Entidades da socie­dade civil organizada, entre elas o Centro Médico e com protagonismo para o seu então presidente Dr. Paulo Gomes Romeo, lutavam para a instala­ção na cidade de uma faculda­de de medicina.

dezembro de 1951 ano o funcionamento da FMRP foi autorizado pela lei Estadual 146

O ano de 1947 foi decisivo. O projeto do deputado Miguel Petrilli que estabelecia a cria­ção da Universidade de São Carlos (UFSCar) tramitava naquela Casa de Leis. Mais que isso, os parlamentares discu­tiam a interiorização do ensino superior. Foi então que o depu­tado Luiz Augusto Gomes de Matos incluiu um projeto que criava a Faculdade de Medici­na de Ribeirão Preto.

O governo estadual co­mungava da proposta de levar ensino superior ao interior, mas a implantação de uma faculdade de medicina dividia opiniões na USP. Isso porque, apesar de haver à época do­centes renomados, dividi-los com o interior sugeriria uma possível perda de qualidade de ensino na capital.

Apesar dessa dúvida, pre­valeceu a intenção da implan­tação. Foi aí que entrou em definitivo um nome impor­tante na história da Faculdade: professor doutor Zeferino Vaz. Foi ele que coordenou uma co­missão de ensino e regimentos, que estudou a implantação, com organização dos currícu­los e planejamento para tal.

Vaz foi rápido. A estrutura curricular foi aprovada pelo Conselho Universitário em se­tembro de 1951. Em dezembro do mesmo ano o funciona­mento da Faculdade de Medi­cina de Ribeirão Preto (FMRP) foi autorizado pela lei Estadual 146. Vaz foi indicado para ser o primeiro diretor.

Os empresários da cidade também abraçaram a causa.

Visionário
Se a FMRP é referência hoje, grande parte disso é de­vida ao professor Zeferino Vaz. Além de espírito em­preendedor e visionário, Vaz trazia consigo a sensibilidade de atender aos anseios da so­ciedade, traçando serviços de saúde que ela pleiteava. O mo­delo didático-pedagógico foi fundamental nesse processo e na escolha do corpo docente.

Professor Dr. Zeferino Vaz: espírito empreendedor e visionário

A implantação de um mo­delo americano (da época) garantiu características inova­doras, com ênfase na pesquisa, tecnologia e na superespeciali­zação, assim como a separação do ensino básico do clínico e o tempo integral. A Fundação Rockfeller (criada em 1913 nos Estados Unidos da América, que define sua missão como sendo a de promover, no ex­terior, o estímulo à saúde pú­blica, o ensino, a pesquisa e a filantropia) foi a principal fon­te de financiamento, por conta desse modelo adotado.

Outro ponto importante e que traz enormes benefícios até o presente foi com relação à residência médica, que estava sendo considerada na ocasião e discutia-se sobre cursos de Pós-graduação “stricto sen­su”. Além disso, mudanças de legislações, econômicas, e so­ciais, com uma modificação do sistema de saúde e valoriza­ção da prevenção, ocorriam no Brasil, que iam ao encontro de uma proposta da inclusão no projeto da FMRP de um Cen­tro de Saúde-Escola.

A FMRP nascia com dis­cussões que valorizaram a entidade como, por exemplo, da importância da Medicina Preventiva, da limitação do número de vagas e rigorosa seleção dos alunos, além do tempo integral para as dis­ciplinas básicas e clínicas, criação de uma Escola de En­fermagem e a criação de um Hospital Escola, o que estava de acordo com o “modelo americano” e com as exigên­cias da Fundação Rockfeller.

Diante dessas discussões e diretrizes o Corpo Docente inicial da FMRP foi compos­to por renomados professo­res europeus, sul americanos e brasileiros. Constavam no currículo inicial da Faculdade, disciplinas que não existiam em outras faculdades de medi­cina brasileiras da época.

Sede no Centro
Na fase de instalação e nos primeiros anos, a sede e alguns laboratórios da FMRP funcio­naram em uma casa situada na Rua Visconde de Inhaúma, 757, Centro. O aluguel desse prédio era pago pela Associação Co­mercial e Industrial de Ribeirão Preto. As aulas foram ministra­das no prédio da Faculdade de Farmácia e Odontologia. A San­ta Casa de Misericórdia de Ri­beirão Preto propiciou o trei­namento clínico e cirúrgico.

A primeira sede da Faculdade de Medicina foi na rua Visconde de Inhaúma

Ainda nos anos 1950 ocorreu a mudança da Faculdade para a sede da antiga Escola Agrícola, a disponibilização de moradias para docentes e funcionários (nos arredores do Prédio Cen­tral), e a criação e a implantação do Hospital das Clínicas. Com a finalização da construção de novo prédio, em 1978 e 1979 o HC mudou para o Campus. Na antiga sede foi instalada a Unidade de Emergência.

Em 02 de abril de 1963, sob a presidência do vice-diretor, professor dr. Mauro Pereira Barreto, foi instalada a Con­gregação da FMRP (ata his­tórica). Nos primeiros anos, quando necessário quórum específico, este era completado com docentes da Faculdade de Farmácia e Odontologia.

Zeferino Vaz permaneceu na Faculdade por 12 anos. Em 20 de março de 1964, a Con­gregação da FMRP despediu­-se de seu criador, realizando sessão solene para conceder­-lhe o título de “Professor Ho­noris Causa”, com a presença de autoridades educacionais, civis e eclesiásticas.

Ao longo das décadas, mu­danças curriculares foram ne­cessárias, decorrentes de avan­ços da ciência e da tecnologia, e outras, como legislação e de necessidade da população.

Nesses 60 anos ocorreram a criação do curso de Ciências Biológicas (década de 1960), a implantação da Residência Médica e da Pós-graduação stricto sensu, reestruturações departamentais, a organização do Museu Histórico, mudan­ças nos papéis do professor de Ciências da Saúde, mu­danças nas atividades meio, elaboração de Plano Diretor, criação de fundações, lança­mentos de revistas científicas e a instalação de novos cursos (Fisioterapia, Terapia Ocupa­cional, Nutrição e Metabolis­mo, Fonoaudiologia, além de Informática Biomédica, com­partilhado com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP).

A hierarquização do siste­ma de saúde, assim como das novas solicitações do “pacien­te-cidadão” exigiram mudan­ças, também no Hospital das Clínicas (destinado predomi­nantemente aos níveis terciário e quaternário), na Unidade de Emergência e nas outras unida­des de apoio, com significativa ampliação dos espaços extra­-muros. A FMRP passou a atu­ar, também, em outras verten­tes da extensão universitária.

Assim, a Faculdade de Me­dicina de Ribeirão Preto busca formar profissionais de acordo com as necessidades de saúde do Brasil, com excelente nível de atenção à saúde. Os seus cursos de extensão universitá­ria contribuem para a educa­ção permanente de profissio­nais de áreas diversas. Forma mestres, doutores, pesquisado­res e pós-doutores; desenvolve importantes pesquisas, contri­buindo para a evolução do co­nhecimento científico.

É sem dúvida, um dos pi­lares do desenvolvimento de Ribeirão Preto.

Professor Zeferino Vaz e equipe da FMRP na década de 1950
Da esquerda para a direita, Alexander Fleming, prof. Zeferino Vaz e prof. Paulo Romeu

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