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#TribunaRibeirao25Anos – A tradição do Mercadão Central

JF PIMENTA

Patrimônio histórico de Ribeirão, cenário de histórias e local onde se pode encon­trar uma grande variedade de produtos, o Mercadão Cen­tral completou em setembro passado, 120 anos. Queijos, temperos, grãos, artesanatos, comidas especiais como pastel, charuto, bolinho de bacalhau, roupas, calçados e uma grande variedade de outros produtos. Tudo isso pode ser encontrado no tradicional prédio. No perí­odo antes da pandemia, cerca de 30 mil pessoas, de todas as classes sociais, passavam pelo local semanalmente.

O início das obras do Mer­cadão data de 1899. O grande prédio, localizado no quadri­látero entre as ruas São Sebas­tião, José Bonifácio, Américo Brasiliense e avenida Jerônimo Gonçalves, foi inaugurado em 1900. A obra com pé direito alto, feitas de tijolos de barro e cobertura envidraçada era muito diferente do que vemos hoje. Foi o principal ponto de comércio da cidade, sempre com a oferta bem sortida de produtos para moradores da cidade e região.

120 contos de réis
No início, o Mercadão foi explorado pelo grupo Folena & Cia. Depois de oito anos, a concessionária do imóvel foi indenizada em “120 contos de reis” pela Prefeitura, que tomou posse do imóvel.

As enchentes, sempre que o ribeirão Preto fugia de seu leito, fizeram parte da histó­ria e problemas do prédio. Mas não foram as águas das chuvas que causaram o maior e histórico dano. Em 7 ou­tubro de 1942, durante a Se­gunda Guerra Mundial, um curto circuito provocou um grande incêndio, destruindo­-o por inteiro. Diante da tra­gédia, os comerciantes passa­ram a trabalhar em barracas montadas na avenida Fran­cisco Junqueira.

Após 16 anos do incêndio o então prefeito, Costábi­le Romano, que prometeu a obra em sua campanha, inau­gurou o novo prédio. A par­tir do dia 28 de setembro de 1958, o Mercadão retomou sua gloriosa história.

Com 4.150 metros quadrados, o Mercadão é dividido por um corredor principal, cinco corredores secundários

Jaime Zeiger
O Mercadão pós-incêndio foi um projeto do engenhei­ro Jaime Zeiger. A arquitetu­ra era moderna e inovado­ra para aqueles tempos. Os 4.150 metros quadrados são divididos por um corredor principal, cinco corredores secundários. A parte externa, revestida por pastilhas, foi presenteada com a obra do escultor Bassano Vaccarini.

O Condephaat (Conse­lho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Ar­tístico e Turístico do Estado de São Paulo) tombou o espa­ço em 1993 e o Mercadão se tornou Patrimônio Histórico e ponto turístico.

O Mercadão Central de Ribeirão possui mais de 152 boxes pertencentes a 67 per­missionários. Uma caracte­rística do comércio é que os estabelecimentos são passa­dos de pai para filho. Muitos dos comerciantes que hoje tomam conta dos negócios viram os pais ou avós traba­lharem no local.

Na parte externa, obra do escultor Bassano Vaccarini

Um bom exemplo é o da família Massaro, cuja loja data de 1926. Em entrevista ao Tribuna, Ismael Massa­ro, de 80 anos, que passou a vida desde à infância no Mercadão, contou que ainda criança acompanhava o pai, Francisco Massaro, o precur­sor. “Fui criado aqui dentro. Vinha com meu pai para ajudar. O Mercadão é tudo pra mim, é a minha vida”.

Massaro contou sobre o grande incêndio. “Destruiu tudo. Aí fomos para a beira do rio, cada um montou o seu comércio como podia, uns de alvenaria, outros de bambu. Mas a reforma foi curta, du­rou pouco mais de um ano”.

O antigo comerciante destacou um detalhe curio­so após a reconstrução. “Na campanha para prefeito o Costábile Romano prome­teu refazer o prédio. Ele foi eleito e cumpriu a palavra, só que ficou muito grande e os comerciantes ficaram com medo de vir para cá. Isso du­rou um bom tempo. Um dia, ele ficou bravo, chamou todo mundo no Salão Nobre do Palácio Rio Branco e falou: quem não fosse para o prédio perderia o direito de conces­são. E mais, iria passar o tra­tor nas barracas que estavam na Francisco Junqueira. Todo mundo voltou”.

 

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