A origem da Biblioteca Sinhá Junqueira – ex-Biblioteca Altino Arantes – remonta ao século 19, no ano de 1891, quando Francisco Maximiliano Junqueira, conhecido como coronel Quito Junqueira, se casou com Theolina Zemila de Andrade, grande benemérita ribeirão-pretana popularmente conhecida como Sinhá Junqueira, que empresta o nome ao equipamento. Em 1912, Quito Junqueira adquiriu de Carlo Barbieri o terreno onde seria edificada a nova residência do casal, na rua Duque de Caxias, 547, Centro de Ribeirão Preto.
Para a execução do projeto e das obras do palacete, foi contratado o prestigiado escritório de arquitetura e engenharia de Ramos de Azevedo. As obras da elegante residência tiveram início já no século 20, ano de 1928, e para a execução do projeto de arquitetura eclética, com forte influência neoclássica e o uso de elementos que remetem ao neocolonial brasileiro, Ramos de Azevedo se utilizou de materiais importados da Europa e uma grande quantidade de madeiras nobres brasileiras.
A planta do edifício possuía soluções arquitetônicas modernas que tiveram como grande novidade a eliminação de corredores, promovendo a distribuição dos cômodos a partir de grandes vestíbulos fartamente iluminados por vitrais artísticos. A casa contou com grandes inovações tecnológicas para a época, como: o uso de elevador monta-cargas, água quente nos banheiros e aquecimento central.
Com o término das obras do palacete, o casal, que morava na sede da Fazenda da Serra, mudou-se definitivamente para Ribeirão Preto. Quito Junqueira viveu no casarão até sua morte, em 1938. A residência continuou sendo habitada por Sinhá Junqueira até o seu falecimento, em 1954, aos 80 anos.
Como o casal não teve filhos, após a morte do coronel Quito Junqueira, que havia se tornado o maior empresário do setor sucroalcooleiro das Américas, sua esposa criou, em julho de 1952, a Fundação Social Sinhá Junqueira, a qual doou todo o seu patrimônio, com o intuito de assegurar a continuidade das obras filantrópicas mantidas por ela.
Um dos desejos de Sinhá Junqueira era que sua residência passasse a abrigar, depois de sua morte, uma biblioteca pública, com acesso livre a todos os cidadãos. A Fundação Social realizou seu último desejo, inaugurando a Biblioteca Altino Arantes no ano seguinte ao de sua morte, em 1955.
Dona Sinhá, durante 47 anos, dedicou toda sua vida a campanhas sociais, lutando sempre em prol dos desprotegidos e necessitados. Efetuando doações e legados a asilos, creches, hospitais, igrejas, dentre outras entidades filantrópicas.
A nova biblioteca pública recebeu o nome de Altino Arantes como forma de homenagear o deputado estadual e depois governador de São Paulo, que era parente e afilhado político do coronel Quito Junqueira. Rebatizada de Sinhá Junqueira, em fevereiro deste ano, é mantida pela Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira, um dos braços da instituição filantrópica criada por dona Sinhá Junqueira.
Acervo de 11 mil obras
Com um acervo inicial de onze mil obras, mais de 15 salas de leitura e 40 computadores à disposição, o objetivo da antiga Biblioteca Sinhá Junqueira é o de promover o acesso ao livro e à leitura em múltiplas plataformas, possibilidades e sentidos.
Uma equipe composta por bibliotecários, agente cultural e assistentes de leitura é responsável pelo atendimento ao público e organização da programação, que conta com saraus, conversa com o leitor, clubes de leitura, contação de histórias para crianças, entre diversas outras atividades – muitas das atividades programadas no início do ano tiveram que ser revistas por conta da pandemia de covid-19.
Onze mil obras, mais de 15 salas de leitura e 40 computadores à disposição. Mobiliário ainda remanescente de quando o casal Junqueira habitava o Casarão
A Biblioteca Sinhá Junqueira conta com elevadores para acessibilidade de pessoas com problemas de mobilidade e deficientes físicos, além de equipamentos modernos que possibilitam a leitura por deficientes visuais e acervo em braile.
Prédio foi restaurado
Liderado pelo arquiteto Dante Della Manna, com a restauração a cargo da arquiteta Maria Luiza Dutra, a antiga casa do casal Junqueira foi reformado e as obras finalizadas no final de 2019. O projeto da reforma foi autorizado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) e também foi acompanhada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).
Além da restauração do imóvel levantado em 1932, foram construídos mais de 900 m² de uma área moderna ao redor do casarão para abrigar auditório para 58 pessoas, salas de leitura e de computadores, área infantil, além de um café. Ao todo, foram R$ 11 milhões investidos, sendo R$ 5,5 milhões na reforma do casarão e R$ 5,5 milhões na construção da nova área, tudo financiado pela Fundação Educandário “Cel. Quito Junqueira”, entidade com fins sociais e filantrópicos.
Serviço
Funcionamento
Biblioteca Sinhá Junqueira.
Rua Duque de Caxias nº 547, Centro – Ribeirão Preto.
Telefone (16) 3625-0743.
Horários De segunda-feira a sábado Das 10 às 18 horas
Entrada: gratuita
Apoio: