A Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) informou nesta terça-feira, 12 de abril, que semáforos instalados em mais três cruzamentos da avenida Saudade, nos Campos Elíseos, Zona Norte, deixaram de funcionar na manhã de ontem por causa de furto de fiação elétrica. Este é o segundo caso registrado em 24 horas na região.
Segundo a Transerp, o crime de ontem foi cometido durante a madrugada e prejudicou o encontro da avenida com as ruas Antônio Milena, Aliados e Humberto de Campos. Os equipamentos voltaram a funcionar ainda no período da manhã. Nenhum suspeito pelos furtos nos Campos Elíseos havia sido identificado e preso até o fechamento desta edição.
Enquanto o sistema ficou inoperante, foi adotada sinalização provisória com cavaletes nos pontos afetados, além do monitoramento de agentes de trânsito. Na manhã de segunda-feira (11), semáforos instalados em quatro cruzamentos da avenida Saudade saíram do ar por causa de furto de fiação elétrica. Gradualmente, os equipamentos voltaram a funcionar.
O furto ocorreu na esquina com a rua Amazonas em uma caixa de controle dos semáforos. Foram afetados os equipamentos dos cruzamentos da avenida Saudade com as ruas Ceará, Anita Garibaldi, Amazonas e Goiás. Agentes de trânsito da Transerp permaneceram no local para orientar os motoristas durante a manhã. Também foi implantada sinalização provisória com cavaletes.
Este tipo de crime se tornou recorrente em Ribeirão Preto neste início de ano. Em 7 de março, semáforos instalados em oito cruzamentos da cidade ficaram inoperantes novamente por causa de furto de fiação elétrica. O mesmo problema já havia ocorrido anteriormente, entre os dias 2 e 3 de março, em 25 cruzamentos do Centro e da Zona Sul.
Em todas essas ocasiões houve lentidão no tráfego de veículos. Não há informações sobre prisão ou identificação dos suspeitos pelos furtos. Em alguns casos os ladrões subiram em árvores nos canteiros e às margens das avenidas para cortar cabos de energia elétrica, TV a cabo, telefonia e de aparelhos semafóricos.
A Polícia Civil informa que, nos últimos três anos, apreendeu 50 toneladas de fio de cobre e prendeu 67 pessoas envolvidas com furtos ou receptação do material. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) também investiga o caso, mas até o momento ninguém foi preso ou identificado.
“A Transerp lamenta por essas ocorrências consecutivas que podem comprometer a segurança do trânsito na cidade. Caso qualquer cidadão verificar alguma suspeita de furto de cabos de semáforos, orientamos a ligar para a Polícia Militar no 190”, diz a empresa em nota.
No comunicado enviado ao Tribuna, a Transerp informa que tem registrado boletins de ocorrência na Polícia Civil sobre a referida situação que afeta o funcionamento dos semáforos. Desde 1° de janeiro e até 7 de março, foram furtados 1.245 metros de cabos semafóricos na cidade, em um total de 31 ocorrências.
O prejuízo neste ano, até 7 de março, já passa de R$ 14.940 com reparos. As regiões com mais registros são as zonas Sul, Central e Oeste. As informações de março e abril ainda não foram consolidadas. No ano passado, foram furtados 3.418 metros de cabos semafóricos, em um total de 65 ocorrências, gerando gastos com reparos na ordem de R$ 27.344.
São 92 boletins de ocorrência em pouco mais de um ano. O Setor Semafórico da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto destaca que diante dos furtos tem desenvolvido uma técnica para inibir a ação dos bandidos, com o uso de arames de aço.
Caso qualquer cidadão verificar alguma suspeita de furto de cabos de semáforos a orientação é denunciar e ligar para a Polícia Militar no telefone 190. Por fim, a Transerp lamenta tais ocorrências que podem comprometer a segurança dos usuários do trânsito na cidade. No ano passado, os bandidos roubaram a fiação de postes de 54 praças da cidade, um prejuízo superior a R$ 350 mil.
Pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rafael Alcadipani afirma que o furto de fiação é “bastante lucrativo”. “Muitos desses fios possuem cobre, um minério que aumentou muito seu valor, principalmente após a pandemia”, explica. “Se surge um mercado informal de compra de peças que estimula este tipo de furto, as pessoas que estão no desespero vão tender a entrar nesse mercado”, afirma Jacqueline Sinhoretto.
Ela é coordenadora do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ainda segundo Alcadipani, esses crimes dificilmente são orquestrados por facções. “Via de regra, são criminosos mais comuns, muitas vezes usuários de droga”, diz ele, que também associa a alta à crise socioeconômica.