Tribuna Ribeirão
Política

Trenzinhos – Donos de veículos recebem orientação

ALINE PEREIRA/ CÂMARA

A Câmara de Ribeirão Preto foi palco de uma reunião, na tar­de desta terça-feira, 29 de janei­ro, para discutir a situação dos chamados “trenzinhos da ale­gria”. Dos 30 veículos em ativi­dade na cidade, apenas um está regularizado, dois estão em fase de legalização e 14 proprietários destes equipamentos demons­traram interesse em se adequar à legislação. Os outros 13 sequer são conhecidos pelo Departa­mento de Fiscalização Geral da Secretaria Municipal da Fazen­da, um dos órgãos responsáveis pelo cumprimento da lei que trata do assunto.

A reunião foi agendada pela vereadora Gláucia Berenice (PSDB). Também participaram da reunião representantes da pró­pria Fiscalização Geral, do De­partamento Estadual de Trân­sito de São Paulo (DetranSP) e da Associação dos Trenzinhos da Alegria de Ribeirão Preto. O tema central do encontro foi a aplicação da lei que regulamenta a atividade, sancionada em 2013 pela ex-prefeita Dàrcy Vera (sem partido), mas que não é respei­tada. Proprietários das popula­res “carretas-furacão” também compareceram e expuseram suas dificuldades e dúvidas.

O objetivo do encontro é chegar a um acordo entre a pre­feitura e demais setores perti­nentes com os proprietários dos trenzinhos para que a legislação –municipal, estadual e federal – seja respeitada e evitar casos como o que ocorreu na noite de 18 de dezembro, no Jardim Alexandre Balbo, quando um motorista embriagado e em alta velocidade atropelou três jovens que seguiam um desses veículos. Um rapaz de 17 anos morreu.

Além disso, a audiência dis­cutiu o grande número de recla­mações contra os trenzinhos. Em 2018, a Polícia Militar recebeu 297 queixas sobre barulho, confusão ou bloqueio de vias envolvendo os veículos, de som alto (principal­mente) a menores trabalhando, consumo de bebidas alcoólicas e músicas inadequadas para crian­ças com enfoque sexual –, trans­porte e comportamento de risco.

Os bairros com o maior nú­mero de reclamações são Planalto Verde, Portal do Alto, Dom Miel­le, Jardim Irajá, Ipiranga, Campos Elíseos, Santa Cruz e Jardim Botâ­nico, mas ocorrem isoladamente em vários pontos da cidade. A prefeitura diz que fiscaliza a ativi­dade e pede à população que de­nuncie abusos através do telefone 156. “É muito importante a união de todos para evitarmos acidentes e o desconforto dos moradores. Nossa intenção é que possamos chegar numa situação de respeito para esses profissionais, mas sem ignorar os inconvenientes que essa atividade pode causar para a população”, diz Gláucia Berenice.

Para o chefe da Fiscalização Geral, Antônio Carlos Muniz, é importante que esses profissionais se atentem em cumprir os limi­tes de 55 decibéis permitidos em lei para o uso de som nos trenzi­nhos, um dos principais motivos de reclamação da população dos bairros por onde circulam esses veículos, principalmente nos fi­nais de semana. “O bem comum da sociedade sempre se sobrepõe aos demais interesses, se os pro­prietários de trenzinhos seguirem desrespeitando a lei, a categoria poderá enfrentar problemas para exercer suas atividades”, diz.

De acordo com representantes dos trenzinhos, desde o acidente de dezembro do ano passado os próprios motoristas estão fiscali­zando uns aos outros. “Se houve denúncia de barulho nesse últi­mo mês, foi de algum trem que veio de fora, porque nós nos or­ganizamos no sentido de evitar excesso de barulho”, explica Toni Leme, da Associação dos Tren­zinhos da Alegria.

Menores e mascarados
Na próxima reunião, a vere­adora deve convidar também o promotor Alexandre Marques Pe­reira e o juiz Paulo César Gentile, ambos da Infância e da Juventude, e representantes da Polícia Militar para tratar da orientação e regula­mentação da participação de me­nores, possível consumo de bebi­das alcoólicas e coibir os cortejos de “mascarados” que seguem os trenzinhos da alegria. De acor­do com Leme, essas pessoas fantasiadas seguem espontanea­mente os veículos. A afirmação é contestada por populares que denunciam essas pessoas e di­zem que são funcionários.

Luiz Fernando Benedini Junior, superintendente do De­tranSP, e Ricardo Silva, diretor de Veículos do departamento, orien­taram os donos de trenzinhos sobre as regras da entidade que disciplinam a atividade e sobre a regulamentação da documenta­ção desses veículos, que vão desde um curso para transporte de pas­sageiros e a necessidade de habili­tação categoria E ou D.

Também envolve informa­ções sobre as alterações feitas no equipamento homologadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inme­tro). Outras instituições como a Empresa der trânsito e Transpor­te Urbano (Transerp) e a Guarda Civil Municipal (GCM) também têm o dever de fiscalizar estes equipamentos, em quesitos como segurança, condições e documen­tação dos veículos e funcionamen­to deles fora do horário permitido.

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