Tribuna Ribeirão
Política

‘Trenzinhos da alegria’ – Vereadora e MPE cobram fiscalização

A Câmara de Ribeirão Preto e o Ministério Público Estadual (MPE) cobram da prefeitura explicações sobre as ações de fiscalização dos cha­mados “trenzinhos da alegria” veículos adaptados – também conhecidos por “carreta-fu­racão” – que são usados para animar festas de aniversário e outros eventos, principalmen­te na periferia da cidade.

No último final de semana, na madrugada de domingo, 16 de dezembro, por volta da 1h50, Marcos Paulo Vieira da Mata, de 17 anos, morreu ao ser atropelado enquanto se­guia um desses trenzinhos na rotatória do Jardim Alexandre Balbo. Duas crianças ficaram feridas – os dois meninos es­tão internados na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), um em es­tado grave.

Eles foram atropelados por um carro que passou pelo local em alta velocidade – o motoris­ta fugiu sem prestar socorro e a suspeita é que ele estava em fuga (leia nesta página). No entanto, segundo a legislação municipal, esse tipo de veículo só pode transitar na cidade até as 23 ho­ras. A vereadora Gláucia Bere­nice (PSDB), que presidiu uma Comissão Especial de Estudos (CEE) na Câmara e elaborou a lei que está em vigor em desde 2013, e o promotor da Infân­cia e da Juventude, Alexandre Marques Pereira, querem que a prefeitura demonstre que fis­caliza a atividade.

O Ministério Público Esta­dual (MPE) arquivou um inqué­rito em junho do ano passado após a promessa da adminis­tração de reforçar a fiscalização destes trenzinhos. O promotor lembra que o Código de Trân­sito Brasileiro (CTB) proíbe o embarque de passageiros com o veículo em movimento e que a fiscalização seria atribui­ção da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp) ou da Polícia Militar, que so­mente em 2018 já recebeu 297 queixas sobre barulho, confu­são ou bloqueio de vias envol­vendo os trenzinhos.

Por causa do supostos des­respeito à chamada “Lei dos Trenzinhos da Alegria” por parte de alguns proprietários de veículos, Gláucia Berenice solicitou providências à prefei­tura. Ela pretende reunir re­presentantes da Guarda Civil Municipal (GCM), do depar­tamento de Fiscalização Geral da Secretaria Municipal da Fazenda e da Associação dos Trenzinhos para discutir uma solução para o caso.

Desde a sanção da lei, ainda na gestão Dárcy Vera (sem par­tido), Gláucia Berenice busca o respeito à regulamentação. Foi ela quem entrou com a repre­sentação no Ministério Público Estadual para forçar a prefeitura e dar solução para a situação, in­quérito que agora será reaberto. Já o promotor sugere que a ad­ministração municipal crie um canal 24 horas com a população.

De acordo com a vereadora, são dezenas de reclamações to­dos os finais de semana, quan­do esses veículos circulam em maior quantidade pela cidade. “Como não existe onde recla­mar e as pessoas me identificam como autora da lei e presidente da CEE, entram em contato co­migo, que fico de mãos amar­radas no momento também”, comenta Gláucia Berenice.

As reclamações vão desde som alto (principalmente) a menores trabalhando, consumo de bebidas alcoólicas e músicas inadequadas para crianças- com enfoque sexual –, transpor­te e comportamento de risco. A prefeitura diz que fiscaliza a atividade e pede à população que denuncie abusos através do telefone 156. A associação dos donos destes veículos também pretende agendar uma reunião com a vereadora, o MPE e a ad­ministração para chegar a um consenso. Diz ainda que muitos clandestinos atuam no setor.

A “Lei dos Trenzinhos da Alegria” foi aprovada pela Câ­mara em 2013, sancionada e regulamentada no mesmo ano, mas nunca foi devidamente cumprida pelos donos de tren­zinhos e nem fiscalizada pelo poder público, segundo a vere­adora. Entre grandes problemas detectados para a fiscalização está o horário de atendimento dos departamentos municipais responsáveis, que só funcionam de segunda a sexta-feira, até as 18 horas, e os trenzinhos, em geral, atuam à noite e nos finais de semana.

“Foi realizado um grande esforço de toda a sociedade pela aprovação e regulamentação dessa Lei, mas que efetivamente, não está melhorando a convi­vência social com os trenzinhos”, reclama. Ela acredita que, se to­das partes interessadas conse­guirem conversar, será possível chegar a um entendimento sa­tisfatório para todos, mas desta­ca que é indispensável que cada um cumpra a sua parte.

E reforça que, se isso não ocorrer, o MPE terá que agir e responsabilizar os causadores do problema. Os bairros com o maior número de reclamações são Planalto Verde, Portal do Alto, Dom Mielle, Jardim Irajá, Ipiranga, Campos Elíseos, San­ta Cruz e Jardim Botânico, mas ocorrem isoladamente em vá­rios pontos da cidade.

Ribeirão Preto ganhou des­taque na mídia nacional por causa da atuação “engraçada” dos animadores dos trenzinhos, mas muita gente não percebe o incômodo e o risco por trás des­sas atividades

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