Tribuna Ribeirão
Política

TREM DE TURISMO – CEE debate futuro de marias-fumaça

Márcio Santiago, vice-presi­dente do Ribeirão Preto e Região Convention & Visitors Bureau, foi ouvido na tarde desta quinta­-feiral, 29 de março, na Comissão Especial de Estudos (CCE) insta­lada pela Câmara para discutir a destinação das duas locomoti­vas – popularmente conhecidas como “marias-fumaça” – ainda existentes na cidade. Uma das máquinas, a “Mogiana”, está a céu aberto na Estação Ferroviá­ria Mogiana, na Vila Mriana, na Zona Norte.

A outra, a “Amália”, está na praça Francisco Schmidt, na Vila Tibério, Zona Oeste, e ambas constam em dois projetos que preveem a implantação de num projeto de trem turístico em Ri­beirão Preto. A CEE foi proposta por Jorge Parada (PT) após uma tentativa frustrada, ano passado, de retirada da locomotiva “Mo­giana”, que seria restaurada e co­locada em operação em uma li­nha de turismo ferroviário entre as cidades de Itu e Salto.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transpor­tes (Dnit) cedeu a locomotiva ao Consórcio Intermunicipal do Trem Metropolitano (Citrem) para implantação de projeto se­melhante de trem turístico entre as cidades de Salto e Itu, mas uma liminar da 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto, movida pelo Instituto História do Trem e pelo procurador da República André Luiz Morais de Menezes, impe­diu a transferência, em dezem­bro do ano passado – guindastes já haviam retirado a máquina dos trilhos quando o oficial de justiça chegou com a notificação. No entanto, a permanência da máquina na cidade depende da criação da linha de turismo.

O presidente da CEE, Jorge Parada, não pôde comparecer, e Santiago foi interpelado por Alessandro Maraca (MDB) e Jean Corauci (PDT). O vice-presidente do Convention Bureau infor­mou que esteve recentemente com o ministro do Turismo, Marx Beltrão. Ele teria se coloca­do à disposição para auxiliar na tramitação do projeto apresenta­do anos atrás.

Esse projeto, segundo Santia­go, teve uma verba de mais de R$ 5 milhões perdida pela não apre­sentação, por parte da prefeitura, da documentação necessária dentro do prazo, que venceu em 15 de dezembro. O governo Duarte Nogueira Júnior (PSDB), por sua vez, afirma que tal verba não estava garantida e optou pela proposta do Instituto História do Trem, que busca parcerias com a iniciativa privada.

Durante a audiência, San­tiago foi perguntado sobre essa decisão da prefeitura. Maraca questionou a justificativa do se­cretário de Turismo de Ribeirão Preto, Edmilson Domingues, de que o recurso federal foi pre­terido porque a administração acha conveniente que esta verba venha da iniciativa privada. O vice-presidente do Convention disse que, passados nove meses, nenhuma empresa se manifes­tou ou foi citada para colocar em prática o projeto. Em Ribeirão Preto existem duas das 16 ma­rias-fumaça do Brasil.

O próximo convidado da CEE da “Maria Fumaça” será o secretário municipal de Turis­mo, Edmilson Domingues, em data ainda a ser agendada. Os projetos de restauro das loco­motivas e de sua utilização como trem turístico têm a oposição da Associação dos Moradores da Vila Tibério (Amovita), bairro cujo crescimento foi impulsio­nado pela Companhia Mogiana, que explorava as ferrovias que passavam pela cidade na primei­ra metade do século passado.

Para garantir que a “Amá­lia” não seja removida da praça Francisco Shmidt, ainda que seja para restauro e entrada em operação no planejado trem tu­rístico, a Amovita protocolou, em 14 de dezembro do ano pas­sado, na prefeitura, um pedido de tombamento da máquina. O coordenador geral do setor de Patrimônio Ferroviário do Dnit, Luciano Sacramento, esteve na cidade em fevereiro e recebeu cópias dos dois projetos. Disse que o departamento iria avaliar as duas propostas.

O deputado Baleia Rossi (MDB) também encaminhou ofício ao ministro dos Transpor­tes, Maurício Quintella Lessa, solicitando que o Dnit desista da remoção da locomotiva para que a maria-fumaça seja usada no projeto ribeirão-pretano. Ele também requer a manutenção da “Amália”, que está na praça Francisco Schmidt.

O Convention Bureau ela­borou o projeto Trem Turísti­co e o Instituto do História do Trem apresentou o Trilhos da Mogiana. Basicamente, as duas propostas preveem a criação de uma linha turística de aproxi­madamente oito quilômetros de extensão e a restauração das duas marias-fumaça, além da trans­formação da Estação Barracão, no Ipiranga, em Museu do Trem.

Em 21 de dezembro, os ve­readores Isaac Antunes (PR) e Fabiano Guimarães (PR) en­traram com requerimento soli­citando ao Conselho de Preser­vação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac) o tombamento da locomotiva “Mogiana”. A máquina está em Ribeirão Preto há mais de 40 anos. Foi adquirida pela Com­panhia Mogiana de Estradas de Ferro (CMEF) em 1893.

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