Murilo Bernardes
A pandemia do novo coronavírus fez com que vários profissionais das mais variadas áreas se reinventassem para continuar tralhando mesmo com as restrições impostas pela quarentena. Na área esportiva não foi diferente. Vários profissionais do setor, e de outros relacionados, encontraram na internet uma solução paliativa para seguir trabalhando e atendendo seus alunos.
Este é o caso do fisioterapeuta do Comercial Futebol Clube, Francisco Rodrigues, que está fazendo acompanhamento físico de alguns atletas através de um aplicativo de videochamadas.
“Estou atendendo alguns atletas que passaram pelo clube e outros que eu já conhecia e que estão atuando em países como a Alemanha. O atendimento é por Whatsapp ou chamada de vídeo. Não é a mesma coisa, mas dá para seguir com o trabalho. Os fisioterapeutas e preparadores brasileiros são muito procurados, então isso tem ajudado bastante”, afirmou.
Além do trabalho por fora, Francisco segue atendendo os próprios jogadores do Leão do Norte. Mesmo com os salários reduzidos, o trabalho durante a pandemia continua sendo prestado pelo profissional.
“Também estou atendendo os jogadores do clube. O salário foi reduzido em 50%, mas mesmo assim a gente segue trabalhando, atendendo quem tem mais dificuldade, quem tem histórico de lesão e os trabalhos vão sendo feitos semanalmente”, disse.
Um dos atletas que estão sendo atendidos por Francisco é o lateral-esquerdo brasileiro Geovane, que atualmente defende as cores do Wormatia Worms, clube da quinta divisão da Alemanha. O jogador revelou que o trabalho por videochamadas começou mesmo antes da pandemia.
“Tem me ajudado muito esse acompanhamento que estou fazendo com o Francisco, porque é um cara da minha confiança, com quem trabalhei por muito tempo no Brasil. Ele sempre cuidou das minhas lesões. Tive uma lesão séria no ano passado e ele me orientou por videochamada. Ele me passa planilhas, me envia os exercícios que posso fazer, me orienta sobre os que eu não posso. Ainda não voltamos aos treinos por aqui e isso está me mantendo em forma”, avaliou Geovane.
Além do ganho físico, se manter ativo durante a pandemia pode trazer grandes benefícios para a mente. Segundo a psicóloga Isabella Wada, do Instituto de Neurociências e Desenvolvimento (Ined), a prática de atividade física pode ser uma grande ferramenta para a manutenção da saúde e do bem estar.
“A prática de atividade física em casa pode ser uma grande ferramenta para manutenção da saúde e promoção de bem estar. Entretanto, é importante ressaltar que o excesso de cobrança deve ser colocado de lado neste momento, uma vez que nos encontramos imersos em uma realidade que antes era inimaginável e o autocuidado deve ser considerado em todas suas instâncias”, afirmou Wada.
“A pandemia do novo coronavírus está provocando diversas transformações na rotina da população. Diante do isolamento social e dos sentimentos de incerteza e insegurança, ficar em casa vem se mostrando um grande desafio”, concluiu.
Crescimento
A pandemia também “ajudou” quem não precisou se reinventar, mas viu um nicho de produtos crescer por conta da quarentena. Segundo dados da Netshoes, empresa especializada na venda de roupas, acessórios e equipamentos esportivos, alguns itens tiveram aumento de 2.500%.
“Desde o início do agravamento da pandemia no Brasil, a Netshoes criou campanhas para oferecer descontos e frete grátis para roupas e equipamentos para treinar em casa. Com a necessidade de isolamento social, houve um crescimento expressivo na procura por esse tipo de item. A venda de cordas aumentou 2.000% e a de halteres, 1.900%”, afirma Murilo Massari, diretor comercial da Netshoes em entrevista ao site Valor.
A tendência é que esses profissionais e também os setores continuem precisando se reinventar, já que a pandemia do novo coronavírus parece longe de ser controlada no Brasil. Até o fechamento desta matéria, o país registrava mais de 1,5 milhão de casos e 62.045 mortes.