Em matéria anterior estampada aqui mesmo nesse espaço, chamamos a atenção para a presença cada vez maior dos chamados transtornos emocionais. Entre eles se destacam a ansiedade e a depressão, que são duas entidades que em alguns casos podem acometer conjuntamente a pessoa. Mas esses transtornos são distintos e com características próprias, que o médico especialista sabe perfeitamente caracterizar, fazer o diagnóstico e instituir o tratamento específico.
Enquanto a ansiedade é acompanhada essencialmente pelo medo e a angústia, como aqui explicamos, a depressão se caracteriza pela falta de interesse pelas atividades do dia a dia e é acompanhada pela tristeza e inquietação desde o estágio inicial da doença. Sim, por que a depressão como qualquer doença é progressiva indo desde sintomas iniciais até, se não convenientemente tratada, evoluir para o que nós chamamos de depressão maior (a população costuma chamar de depressão profunda) e que é o estágio mais grave da doença depressiva.
A depressão é um transtorno onde a pessoa deprimida não tem motivação ou interesse para acompanhar qualquer tarefa do dia a dia, que antes ela desempenhava normalmente. Assim, na depressão em si, a pessoa fica triste e inquieta, não consegue fazer as coisas que antes ela fazia normalmente e que tinha prazer na sua realização. A pessoa “esquece” dos cuidados de higiene pessoal, veste as mesmas roupas, e tanto mulheres como homens tornam-se pessoas desleixadas.
A depressão pode levar a uma variedade de problemas emocionais e físicos, além de diminuir a capacidade de a pessoa manter suas atividades normais no trabalho e em casa. Convém lembrar que tristeza não é sinônimo de depressão. A pessoa pode estar atravessando uma fase difícil, como a perda de algum entre querido ou ter sido vítima de uma agressão física ou de algum desastre e ficar triste provisoriamente. Já a tristeza que acompanha a pessoa em depressão é uma situação permanente.
Um fato curioso sobre essa doença é que ela pode afetar qualquer pessoa, mesmo que aparentemente ela não tenha qualquer problema de qualquer natureza. São fatores de risco para desenvolver depressão as pessoas com baixa autoestima, os portadores de conflitos familiares, o fracasso escolar como não passar no vestibular ou num concurso que a pessoa queria muito, perdas afetivas, estresse, ansiedade crônica, excesso de trabalho, doenças físicas como problemas na glândula tireóide, distúrbios dos hormônios, obesidade, sedentarismo, vício do cigarro, álcool, drogas ilícitas e excesso de estímulos como o uso excessivo da internet e das redes sociais.
Transtornos físicos ou psicológicos do tipo violência física ou psicológica do tipo violência doméstica ou abuso, separação conjugal, perda de emprego por tempo prolongado e crises financeiras levando à falta de dinheiro. E ainda doenças graves que exigem tratamento permanente, como hipertensão arterial e diabetes.
A depressão pode acometer pessoas de qualquer idade, desde crianças, adolescentes, adultos e pessoas da terceira idade e acomete também pessoas de ambos os sexos, sendo mais frequente nas mulheres.
Pessoas de mais idade podem ser também acometidas por depressão, principalmente quando já são portadores de câncer, doenças do coração, doença de Parkinson e outras. Em pacientes depressivos em geral essas doenças têm pior prognóstico, muito provavelmente pela maior dificuldade que o paciente depressivo tem de procurar e manter assistência médica em nível ideal.
A depressão é uma doença que acomete um número muito grande de pessoas no mundo inteiro, sendo que o Brasil ocupa o triste papel de ser o campeão de depressivos em toda a América Latina e Caribe e o segundo lugar no mundo em número de depressivos de acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde.
O Brasil só perde para os Estados Unidos em número de pacientes depressivos. Ao todo somos quase 12 milhões de brasileiros com depressão, isto é, 5,8% da população brasileira, enquanto nos Estados Unidos são 5,9% da sua população com depressão.
A depressão é uma doença que tem tratamento e o médico especialista a ser consultado é o psiquiatra ou o neurologista. Um psicólogo e um clínico geral também devem fazer parte da equipe encarregada do caso. O tratamento da depressão é muito bom e a pessoa pode recuperar o interesse pela vida que tinha antes.