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Contra motoristas por APP´s, Câmara mantém regulamentação

Motoristas de veículos de transporte por aplicativos estão indignados com reviravolta no ‘consenso’ dos vereadores

Em uma sessão bastante con­fusa e com a galeria do plenário lotada por taxistas e motoristas de transporte individual remunerado por aplicativos (APP´s) – Uber, Will­Go, Cabify, 99Pop e outros, por exemplo –, a Câmara rejeitou nes­ta terça-feira, 20 de fevereiro, por 13 votos a onze, o projeto de decre­to legislativo de autoria de Gláucia Berenice (PSDB) que pretendia suspender o decreto do Executivo, publicado há duas semanas, que regulamenta o o transporte por APP´s em Ribeirão Preto.

Na última quinta-feira (15), 25 vereadores endossaram a pro­posta da tucana, mas a pressão dos taxistas pesou e parte dos parlamentares mudou de lado. As principais queixas dos moto­ristas de aplicativos são a cobran­ça de taxa por corrida e a exigên­cia de o veículo estar no nome do condutor – muita gente usa o carro de parentes ou até alugam automóveis para trabalhar.

No último dia 9, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) baixou o decreto nº 29/18, publi­cado no Diário Oficial do Muni­cípio (DOM), que “regulamenta o uso do sistema viário urbano de Ribeirão Preto para exploração de serviço de transporte individual privado remunerado de passagei­ros intermediado por plataformas digitais gerenciadas por provedo­res de redes de compartilhamento”.

Traduzindo, a prefeitura de Ribeirão Preto regulamentou a atividade de transporte indi­vidual privado remunerado de passageiros através de aplicativos (APP´s) – Uber, WillGo, Cabify, 99Pop… O decreto traz uma sé­rie de exigências, entre as quais: o cadastramento na Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp), com uma taxa de duas mil Unidades Fiscais do Es­tado de São Paulo (Ufesps, cada uma vale R$ 25,70 em 2018, to­tal de R$ 51,4 mil), mais 800 (R$ 20,56 mil) na renovação anual.

A empresa responsável terá de bancar seguro por acidente pessoal de passageiros no valor de R$ 100 mil. Se tiver sede, filial ou escritório de representação em Ribeirão Pre­to, terá se repassar à Transerp 1% ao mês da arrecadação total com viagens. Caso não tenha, esse per­centual sobe para 2% ao mês. Os motoristas terão de utilizar carros com até oito anos de fabricação e os veículos terão de estar no nome dos motoristas.

Após a divulgação do decreto, vereadores foram procurados por motoristas de aplicativos descon­tentes com a regulamentação e pe­dindo que a Câmara intercedesse. O Legislativo tentou, apresentando um projeto de decreto legislativo assinado por 25 dos 27 parlamen­tares. O pedido de urgência espe­cial também foi aprovado e o pro­jeto entrou em votação na sessão desta terça-feira.

Em princípio, com o apoio de 25 vereadores, tudo indicava que o projeto de decreto legislati­vo seria aprovado. Mas a presen­ça de dezenas de taxistas exalta­dos mudou o cenário e a votação terminou com 13 votos favorá­veis ao decreto legislativo e onze contrários. Como era necessário maioria absoluta (metade mais um dos vereadores – 14 dos 27), o projeto acabou rejeitado – e a regulamentação mantida, como queriam os motorista de táxi.

Nesta quarta-feira (21), o Tri­buna vai questionar a Transerp se a regra dos carros em nome dos motoristas vai valer também para os taxistas, já que muitos locam o veículo e até arrendam os pontos. A categoria reluta quanto o assun­to é concorrência. Há quase 30 anos Ribeirão Preto tem o mesmo número de táxis (384), apesar de a população ter crescido 49,5%, de 456,2 mil pessoas em 1990 para 682,3 mil no ano passado, segun­do o Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE).

Na polêmica gestão da pre­feita Dárcy Vera (sem partido), a Câmara, ainda com os nove ve­readores investigados na Opera­ção Sevandija, rejeitou por duas vezes um projeto que criava 50 concessões de táxi para veícu­los adaptados ao transporte de cadeirantes. Os taxistas pressio­naram e os parlamentares recu­aram. Os motoristas de aplicati­vos dizem que, ao contrário do que o prefeito anunciou quando assinou o decreto, não houve di­álogo com o Uber, apenas com os taxistas e que a decisão do tu­cano inviabiliza a atividade.

Segundo Marco Antonio Di Bonifácio, o “Boni” (Rede Sus­tentabilidade), o decreto baixado pelo prefeito é inconstitucional por regulamentar não uma lei municipal, mas uma federal. Ele argumenta que a prefeitura deve­ria ter encaminhado à Câmara um projeto de lei complementar para que o debate fosse o mais amplo possível, e só após a aprovação o Executivo poderia regulamentar a atividade. “Não somos a favor de A ou B, é uma questão constitucio­nal”, explica o vereador.

Já a Transerp diz que vai pro­porcionar relações de benefícios para todas as partes: as empresas de aplicativos que estarão formal­mente seguras, os motoristas que terão a garantia de continuarem prestando seu serviço, os taxistas que vão ter uma concorrência sa­dia e com regras claras e a popula­ção que contará com um serviço fiscalizado e de qualidade.

 

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