Um país só se transforma em nação através da educação, e esse é o caminho. Não existe outro para se tornar um país evoluído. O Brasil é reconhecido mundialmente pela qualidade dos seus teóricos quando o tema é educação básica, mas eles não entendem porque, mesmo tendo esse cabedal de conhecimento, a nossa educação básica está na rabeira das avaliações internacionais – é que “santo de casa não faz milagre”.
Incutiram no cerne do povo brasileiro de que éramos o País do futuro, que a nossa amabilidade e cortesia eram as principais ferramentas para que esse futuro chegasse logo, mas o tempo passou e o horizonte florido ficou cada vez mais distante, a espera se transformou em desesperança – que foram retratadas nos versos do grande Chico Buarque. “De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra, outra realidade menos morta tanta mentira, tanta força bruta…”, e o desejo de uma nova “Pátria Mãe Gentil” trouxe das entranhas sentimentos antagônicos, que naturalmente não caberiam em uma nação.
Desilusão e desamor são sentimentos que despertam nos seres humanos a vingança, que muitas vezes se transformam em ódio, e o ódio cega as pessoas, e neste contexto sempre surgem os salvadores da pátria, que com os seus discursos sedutores e cheios de elementos purificadores e punitivos conseguem atingir o âmago destas pessoas. O caldo da maldade se materializa, e aí irmão desconhece irmão, e aquele povo cordial e gentil pratica as maiores atrocidades para defender as ideias do seu líder e mentor.
Todos os países desenvolvidos protegem e cuidam das suas constituições como um livro sagrado, enquanto isso no Brasil a Constituição cidadã, que os defensores da democracia achavam que seria definitiva, vem sofrendo tantos ataques nos últimos tempos. Se não reagirmos com veemência voltaremos aos “anos de chumbo”. Depois de mais de 20 anos de ditadura militar, e dos efeitos nefastos que todo o regime autoritário produz, esperava-se que regime autoritário nunca mais, mas as trevas estão batendo de novo em nossas portas.
Sempre tivemos enrustido no seio da maioria da população o preconceito, o racismo e a aversão pelos direitos das minorias, e quando surge um candidato que consegue com sua fala atingir esse âmago, um terreno fértil e pronto para ser semeado com suas ideologias antidemocráticas se abre no horizonte. A desilusão com a política, e com os políticos, talvez explique como um candidato despreparado, reacionário, homofóbico, racista, xenófobo, preconceituoso, machista e misógino esteja, segundo as pesquisas, pontuando a corrida presidencial. O gato subiu no telhado.
Agora, na reta final, o candidato Bonsonaro, como um camaleão, adotou o discurso do bom moço, esperando que todos esqueçam os discursos de ódio que ele professou, mas infelizmente esse discurso odioso não ficou somente no campo da teoria e do debate democrático, já ultrapassou a linha divisória do bom senso e está se transformando em um embate entre a civilização e a barbárie.
O conceito de nação, que ainda está longe da maioria do povo brasileiro, só será alcançado com uma educação básica e de qualidade para todos – mas as propostas para a educação do candidato em questão vão de encontro aos projetos pedagógicos que permeiam a educação do século 21. Portanto, sem educação básica de qualidade não se constrói uma nação, e sem nação seremos sempre um amontoado de gente – “transformar o Brasil em uma nação é imprescindível”.