A prefeitura de Ribeirão Preto informou nesta sexta-feira, 27 de julho, que a anulação do tombamento da avenida Nove de Julho, que cruza vários bairros na região central da cidade, será discutida em audiências públicas durante os debates sobre a revisão do Plano de Mobilidade Urbana, uma das leis complementares do Plano Diretor. A polêmica foi levantada pelo vereador Rodrigo Simões (PDT). Ele defende a retirada dos paralelepípedos e o recapeamento da via.
Também propõe, por meio de indicação aprovada na Câmara e encaminhada ao prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que a administração ingresse com ação na Justiça para anular o tombamento do histórico pavimento da via. Por ser patrimônio cultural tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), os paralelepípedos não podem ser substituídos. Simões defende a necessidade de modernização da Nove de Julho.
Segundo ele, a Nove de Julho enfrenta problemas em sua malha viária porque muitos paralelepípedos se soltaram e em outros trechos não existe mais calçamento. A solução ideal seria fazer um novo recapeamento asfáltico no local. Entre as reivindicações feitas por ele está a avaliação e poda de árvores condenadas e uma ação conjunta do Executivo, Legislativo e sociedade civil organizada, com o objetivo de reestruturação da rede de saneamento básico, com novas tubulações para água e esgoto e nova pavimentação.
O outro lado
A prefeitura diz em nota que a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Pública tem promovido audiências para tratar da revisão do Plano de Mobilidade Urbana e levará os pontos propostos, como a questão do tombamento, para ser debatido nas reuniões. “Todas as avenidas da cidade (as existentes e as novas) serão discutidas nas audiências públicas sob variados aspectos, como a necessidade de duplicação, ampliação e revitalização, além de paisagismo, calçadas, ciclovias, acessibilidade, iluminação e segurança. As audiências devem acontecer entre o final de agosto e o início de setembro”, diz o comunicado.
Com aos buracos provocados pelo desnível ou falta de paralelepípedos em alguns trechos, a prefeitura esclarece que têm sido realizadas ações pontuais nos locais mais críticos, como a retirada do pavimento, a regularização da base com areia e a recolocação dos blocos. A longo prazo, a Secretaria de Obras Públicas diz que a Nove de Julho faz parte do projeto dos corredores do Plano de Mobilidade Urbana e inclui, entre outras obras, implantação do sistema de drenagem e revitalização.
A avenida Nove de Julho, considerada um cartão postal da cidade, foi planejada pelo prefeito João Rodrigues Guião em 1921. Os primeiros quarteirões da avenida foram entregues no dia 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Independência. A avenida passou a se chamar Nove de Julho alguns anos depois e ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residências construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o estilo moderno.
Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial. Ao longo dos últimos 20 anos ela se transformou no principal centro financeiro da cidade e região. É famosa pelas frondosas sibipirunas. Mesmo com a transformação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas características que lembram a década de 1950 – os paralelepípedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais. Ao longo de seus pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de seguradoras, consórcios, bares, restaurantes, lanchonetes etc.
Conppac
O presidente do Conppac, Anderson Polverel, acredita que a medida de anular o tombamento dos paralelepípedos da avenida Nove de Julho pode ter um longo caminho, caso tentem colocá-la em prática. Ele diz que anulação do “tombamento não é possível devido a uma lei municipal, e deve se submetido a estudo do Comitê de Tombamento do Conppac”.