Depois de cinco meses, já não dá para saber se a CPI lá de Brasília é da pandemia, da vacina ou contra o Bolsonaro. Nasceu com prazo certo para agir, foi prorrogado e parece ter se perpetuado.
Toda semana vem gente nova para depor, surgem nomes até desconhecidos e vão arrastando a tal investigação que já passou de prazo certo para o de tempo indeterminado.
Agora protelam a conclusão dos trabalhos para que seja ouvido o Ministro da Saúde (novamente?), pela terceira vez, porque a família faz turismo com os aviões da FAB e os jovens (disseram) não devem ser vacinados. Invocaram entendimento científico da Organização Mundial da Saúde – OMS para sustentar decisão do presidente, que não é médico. A OMS já negou tal orientação, os técnicos (médicos) do Ministério ameaçam se desligar do trabalho…
É só confusão, uma após outra. Foi a da compra de vacinas, da negativa de vacinas para São Paulo, fora aquelas inesquecíveis do Pazuello, que confessou as interferências do presidente e ser seu obediente, sem personalidade alguma.
Se a CPI já apurou as irregularidades, dê nomes às faltas censuráveis, e chega. Está na hora de “passar a régua”, fechar a conta e apontar os fraudadores, autores das bandalheiras e, nominando-os, independentemente de quem seja, dos cargos e patentes que carregam, responsabilizá-los em nome dos quase 600 mil mortos e dos milhares infectados que suportam terríveis sequelas da maldita doença – que veio da China, ou de Marte – se quiserem.
Do jeito que vai só está faltando esticarem a CPI pra apurar as sequelas dos infectados. Aí, sim, a investigação vai avançar pelos próximos governos, marcarão audiências até para os dias 29 e 30 de fevereiro. Aparecerão novos funcionários denunciantes de compras superfaturadas e agenciadores (atravessadores lobistas) de vacinas milionárias. Tudo que os holofotes privilegiam aos que querem uma disputa eleitoral no ano que vem.
Como 2022 está próximo, praticamente 90 dias, continuar desfrutando da grande mídia, dos melhores horários do rádio e da TV e dos espaços mais valiosos dos principais jornais do país, é um grande negócio – sem gastar nada.
Que tal mais uma CPI, a da crise hídrica?
Já tem apagão acontecendo nos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Falam que São Paulo está perto de ter também o seu apagão. Será que não vão investigar o fundo dos reservatórios? E a qualidade da água? Não se interessarão pela coleta de amostras da água? Com certeza há pauta para muitas audiências, intimações, convocações, convites, notificações, interpelações – o que não houver no mundo jurídico, criarão.
E a CPI se manterá, permanentemente, como a atração nacional de Brasília, alimentando a pauta diária dos matutinos (eram, pelo menos) e dos jornais falados vespertinos e das madrugadas (da GLOBO e de suas “coleguinhas”).
Talvez os congressistas da CPI nem precisem de maior esforço criativo para que continuem “top” no mundo televisivo, Bolsonaro fará sua parte. Depois de negar vacinação aos mais jovens, certamente mandará vacinar os cães, gatos, lebres, passarinhos e toda a criação doméstica do país.
Assim, a CPI se eterniza e eles (Calheiros e companhia) se reelegerão pelos relevantes serviços prestados a si mesmos. É só esperar.