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Todos contra a hanseníase

Ao receber, em meu escritório regional de Ribeirão Preto, a visita da médica Helena Lugão (da Sociedade Brasileira de Hansenologia), acompanhada pela publicitária Blanche Amâncio e pela empresaria Sandra Souza – aderi, de peito aberto, tão logo me convenci da nobreza dos seus objetivos à campanha “Todos Contra a Hanseníase”, comprometendo-me a divulgá-la através de artigos e pronunciamentos, bem como buscar o apoio dos demais parlamentares e do próprio governo do Estado.

Fiquei, confesso, sinceramente impressionado com os dados que me foram apresentados pelas visitantes, mostrando o Brasil como o segundo país do mundo no ranking mundial da hanseníase (atrás apenas da Índia), com cerca de 30 mil novos casos sendo notificados a cada ano – número semelhante à notificação de novos casos de HIV/Aids.

Conhecida desde os tempos bíblicos como “lepra”, a hanseníase – transmitida através do contato físico – é facilmente tratável e curável. Conforme me explicou, em carta, o professor doutor Marco Andrey Cipriani Frade (presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia), justificando sua ausência naquela reunião por estar participando de evento do SUS no Piauí, “temos condições de extinguir a doença e dar condição de vida melhor à nossa população e uma das principais armas contra a hanseníase é a informação. A população precisa conhecer informações básicas para buscar atendimento médico e acabar com o preconceito contra doentes”.

Louvei a iniciativa dessa campanha – expressa em folheto produzido pela própria SBH – tratando tema tão complexo de forma lúdica e educativa, já contando com o apoio da mídia televisiva na divulgação dentro de um objetivo maior: mostrar a hanseníase como uma doença não hereditária, causada por um bacilo e sua transmissão acontece de pessoas doentes para pessoas saudáveis (através da tosse, do espirro, da fala etc); o tratamento é simples e gratuito com os medicamentos – por via oral – sendo distribuídos pela rede pública.

Nos últimos 11 anos – eis outro dado interessante – a média de casos de hanseníase chegou a 38.584/ano enquanto os de HIV/Aids aproximaram-se dos 39.000 casos/ano. Atualmente, o coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase no Brasil é de 15,32, considerada alta endemia ainda. Outro dado relevante é o número de casos em menores de 15 anos, o que indica contato muito recente na vida da criança ao bacilo da hanseníase, provavelmente na família ou no ambiente escolar.

Entre 2004 e 2014, a média de casos em crianças foi de 2.915, isto é, aproximadamente 7,6% dos casos diagnosticados por ano. Considerando que se trata de uma doença incapacitante por acometer os nervos periféricos, sua transmissão principal se dá de pessoa doente para pessoa saudável e a média do percentual de avaliação dos comunicantes dos pacientes (familiares) gira em torno de 58%, não fica difícil inferir o quanto temos ainda de caminhar para alcançar o controle da doença no país.

Uma das frases mais ouvidas pela jornalista Blanche Amâncio, em seu trabalho de assessoria de comunicação para a Sociedade Brasileira de Hansenologia, é “só o conceito destrói o preconceito”. Daí a importância de somar conhecimento e força, unindo-se as unidades de saúde e as escolas na divulgação de conceitos capazes de eliminar os preconceitos e criar-se, assim, a consciência de que é possível, sim, eliminar a incidência da hanseníase no Brasil.

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