Tribuna Ribeirão
Esportes

Tite vê falta ‘muito clara’ sobre Miranda, mas evita culpar arbitragem por empate

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Por Almir Leite e Ciro Campos

O técnico Tite disse ter sido clara a falta de Zuber em Miranda no lance do gol de empate da Suíça, neste domingo, em Rostov. Mas não quer saber de choradeira. Entende que a seleção brasileira tropeçou na estreia na Copa do Mundo por causa da ansiedade excessiva, e que não deve se escorar na arbitragem para justificar o resultado. Por isso, demonstrou até uma pequena irritação quando a primeira pergunta da entrevista coletiva depois do jogo foi sobre a atuação dos árbitros.

“Gostaria de responder sobre performance, senão parece desculpa. Mas foi feita a pergunta e vou responder. O lance do Miranda é muito claro, não é pouco, é muito. Mas não estou justificando o resultado”, disse o treinador.

Tite também se mostrou veementemente contra seus jogadores pressionarem os juízes pedindo a consulta à equipe do árbitro de vídeo em lances polêmicos – além da jogadas do gol, houve reclamação de possível pênalti em Gabriel Jesus na etapa final. “O lance do Gabriel é de interpretação. Mas os jogadores não têm de pressionar a arbitragem. Existe todo um processo e tem pessoas que avaliam os lances. Não posso tornar minha equipe desequilibrada quanto a isso.”

Ele revelou que Miranda comentou, após o jogo, que deveria ter caído no lance em que foi empurrado pelos suíços, pois isso caracterizaria a falta. O treinador discordou: “Disse a ele que não, pois isso seria simulação, e eu não quero isso”.

Tite não concorda com a tese de que gol de cabeça seja reflexo de problemas defensivos nas bolas pelo alto – o Brasil levou seis gols em 22 jogos sob o comando do treinador, cinco deles em jogadas aéreas. “Não posso concordar que o gol de hoje (ontem) tenha sido falha. A falta foi muito clara.”

A estreia na Copa, para Tite, deixou algumas lições. Ele disse ter gostado do comportamento da seleção brasileira em dois terços do jogo com os suíços, mas reconheceu que serão necessários ajustes. “Nesses dois terços o time teve agressividade, inversão de jogadas, do lado esquerdo e depois do direito”, considera. “Mas depois o adversário cresceu e a gente recuou demais.”

Para ele, o momento mais crítico da partida foram os 10 minutos seguintes ao gol da Suíça. Depois, no seu entender, o ritmo da equipe foi ajustado, mas então os jogadores passaram a ser precipitar nas finalizações.

As conclusões serão um ponto a ser aperfeiçoado nos dias de treinamentos que antecedem a partida de sexta-feira contra a Costa Rica. A seleção volta às atividades nesta segunda-feira à tarde, já em Sochi, onde está baseada durante esta primeira fase da Copa do Mundo. “A gente teve finalização porque o time criou. Mas é preciso que a finalização seja mais precisa, fria, contundente.”

Mas ele também concorda sobre a necessidade de manter a regularidade durante a maior parte possível da partida. “Temos que focar em performance. Nesse momento de Copa do Mundo tem que absorver o gol, quando o adversário arrisca mais, manter mais a posse de bola, equipe elétrica, acesa, ligada… Às vezes cadenciar, fazer o adversário correr. Nosso ritmo é intenso. Ela tem condição de produzir mais e de forma equilibrada.”

Tite não escondeu a frustração por não conseguir estrear com vitória. Mas voltou a enfatizar que não é o fim do mundo, pois com sete pontos uma equipe se classifica para as oitavas de final da Copa do Mundo e que muitas vezes até cinco pontos podem ser suficientes, embora em segundo lugar do grupo. “Claro que não estou contente com o resultado”, disse.

Sobre as diversas faltas feitas em Neymar – o craque sofreu dez das 19 faltas cometidas pelos suíços -, o treinador disse que, se tal situação se repetir nas próximas partidas, vai manter a determinação que deu aos jogadores: que não reclamem e tentem retomar o jogo o mais rapidamente possível. “A orientação é para que quando tem falta pegar a bola e bater rápido. Somos uma equipe que propõe o jogo, que quer jogar.”

Neymar não cumpriu exatamente a determinação de Tite neste domingo. Na etapa final, depois de uma sequência de faltas, ele não só reclamou com os adversários como com o complacente juiz mexicano Cesar Ramos.

SUBSTITUIÇÕES – Depois do empate da Suíça, Tite fez três substituições na seleção, duas delas com bastante rapidez. Trocou Casemiro por Fernandinho e depois tirou Paulinho para colocar em campo Renato Augusto, que passou as últimas semanas às voltas com dores no joelho esquerdo e por isso não participou dos amistosos contra Croácia e Áustria, que precederam a estreia na Copa do Mundo.

O treinador entende que as três trocas – no fim ele colocou Roberto Firmino no lugar de Gabriel Jesus – deram resultado. “O Casemiro tomou cartão (amarelo). Eu não substituo jogador só pelo cartão. Mas no caso do Casemiro os dois ou três movimentos seguintes dele foram perigosos. E o Fernandinho entrou bem. O Renato é articulador e o Paulinho não estava nos seus melhores dias. E o Firmino está num grande momento, de confiança”, justificou.

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