Tribuna Ribeirão
Cultura

Theatro Pedro II em manutenção

Janeiro é mês de manu­tenção, limpeza e reparos no Theatro Pedro II, o tercei­ro maior de ópera do Brasil. Tudo para deixar o palco, camarins e os setores desti­nados ao público – são 1.588 cadeiras distribuídas entre plateia, balcão nobre, bal­cão simples, frisa e galeria – prontos para a temporada 2018, que terá início no pri­meiro sábado de fevereiro, dia 3, com a apresentação do espetáculo “5 x Comédia”.

Com essa pausa dos espe­táculos, é possível realizar toda a manutenção do Pedro II. “É muito importante conservarmos esse patrimônio. Não podemos esquecer da nossa responsabili­dade frente ao teatro que é uma referencia histórica cultural para a nossa região e para todo o país”, diz Mariana Jábali, presidente da Fundação Dom Pedro II.

Esse período de manuten­ção sempre acontece no mês de janeiro para que o prédio, tombado como Patrimônio Cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histó­rico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) – órgão vinculado à Secretaria de Es­tado da Cultura –, possa ser preservado e manter todas as suas características.
Mariana Jábali ainda ressalta que o Pedro II recebe manuten­ção diária durante o ano todo. “A manutenção é feita durante o ano todo, mas como em janei­ro não há espetáculo por conta das produções estarem de férias coletivas, a gente aproveita para organizar tudo e deixar o The­atro pronto para que a popula­ção possa aproveitar os grandes espetáculos oferecidos pela casa durante todo o ano”, explica.

Os serviços realizados no Theatro Pedro II são a limpe­za de todo o prédio, aspiração e calafetação do palco, repa­ros das varas de iluminação, varas cênicas, trocas de lâm­padas do equipamento de ilu­minação, serviços de marce­naria, restauração de pintura e boca de cena, manutenção hidráulica, revisão do siste­ma elétrico, entre outros ser­viços. Ainda em janeiro, será a vez do lustre Gota D’Água, desenhado pela artista nipo -brasileira Tomie Otake, pas­sar por limpeza, manutenção e troca de lâmpadas.

Segundo a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), a obra de arte passará por ma­nutenção nos próximos dias. O objeto tem 2,70 metros e al­tura por 2,20 de largura, pesa cerca de 1,4 tonelada, tem 26 lâminas de vidro e 70 lâmpadas especiais. Em 2014 a Fundação Pedro II investiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “des­cer” o lustre. O processo dura apenas 30 minutos para descer e subir, a uma velocidade de quatro metros por minuto para evitar que o lustre balance .

Descer a estrutura de mais de uma tonelada do teto ao chão costumava ser trabalho para seis funcionários para baixá-lo sem riscos. Eles mo­vimentavam o objeto com aju­da de um cabo de aço. Todo o trabalho com a obra de Tomie Otake dura cerca de dois dias. O lustre de 1.400 quilos é um dos símbolos da reinaugura­ção do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após ficar 16 anos fechado devido a um incêndio em julho de 1980. Se­gundo os funcionários, a lim­peza da peça é simples e água e detergente são suficientes para tirar o pó das 26 lâminas de vidro temperado. Antes, as 70 lâmpadas que compõem a cúpula são testadas e trocadas.

O Theatro Pedro II comple­tou 87 anos em 8 de outubro. Mantido pela Fundação Dom Pedro II, é um dos principais do Brasil, o terceiro maior de ópera do país. Em junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Ribeirão Preto para assinar a “escritura” que finalizou o proces­so de doação do prédio histórico ao município, que já tinha a per­missão para uso do espaço. É o palco principal da Orquestra Sin­fônica de Ribeirão Preto (Osrp)

O Theatro Pedro II foi construído entre 1928 e 1930 a pedido do advogado João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cerve­jaria Paulista. O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Jú­nior, e a parte estrutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de julho de 1980, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto.

A reconstrução só teve iní­cio mais de dez anos depois, em 1991, liderada pela cons­trutora Jábali Aude. A reinau­guração aconteceu em 1996. “É uma vitória da cidade que ganha não apenas um patri­mônio cultural, mas um prédio de reconhecido valor históri­co”, diz o prefeito Duarte No­gueira Júnior (PSDB). Durante cinco décadas, foi a principal referência cultural da cidade e centro de acontecimentos políticos e sociais, recebendo grandes companhias teatrais e operísticas do exterior.

Na década de 1960, o pré­dio passou por reforma que o descaracterizou. Vários elementos decorativos fo­ram destruídos, a plateia foi reduzida e placas de madeira encobriram camarotes, frisas e galerias laterais para trans­formá-lo em cinema. Os si­nais da decadência levaram o teatro a mudar de proprietá­rios. A Companhia Cervejaria Antarctica adquiriu a Com­panhia Cervejaria Paulista, antiga proprietária. Entre as décadas de 1950 e 70, o subso­lo do teatro foi transformado em salão de bailes de carnaval. Fora do período carnavalesco, era transformado em sala de jogos. O local ficou conhecido como “Caverna do Diabo”.

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