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Testemunhas vão depor no caso Daerp

Nesta semana, a partir desta segunda-feira, 6 de novembro, testemunhas da ação penal que investiga fraude em licitações, superfaturamento de obras e pa­gamento de propina no Depar­tamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp), no âm­bito da Operação Sevandija, vão prestar depoimentos. As audiên­cias serão realizadas no Fórum Estadual de Justiça. O juiz da 4ª Vara Criminal, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, recebeu oficialmente a denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) contra nove réus.

O magistrado agendou as audiências desta ação penal para os dias 6, 9 e 10 de novembro, a partir das 13h45. Serão ouvidas onze testemunhas de acusação e outras 55 de defesa deverão de­por posteriormente – onze delas residentes na cidade e 44 de fora, interrogadas por carta precatória.

Esta ação penal, uma das três em andamento resultantes da força-tarefa formada pelo Gaeco e Polícia Federal (PF), trata de li­citações abertas para a prestação de serviços fictícios que tinham o objetivo de favorecer paga­mento de propinas. Uma delas, segundo o Ministério Público Estadual (MPE) e a PF, foi um contrato que tinha valor inicial de R$ 68,4 milhões, mas que chegou a valer R$ 86 milhões e vigorou até o fim do ano passa­do, diante das denúncias.

De acordo com o relatório produzido pela Agência de In­teligência do Gaeco, do início das obras em 2014 até agosto de 2016, o Daerp pagou R$ 29 milhões à Aegea Engenharia pelos serviços. Entretanto, o le­vantamento apontou que R$ 16 milhões foram pagos a mais por serviços não realizados, e mais R$ 1,5 milhão foram destinados a pagamentos de propina. No final do governo Dárcy Vera, após a Operação Sevandija ser deflagra­da, o departamento rescindiu o contrato com a empresa. Porém, a Aegea entrou na Justiça para ter o direito de continuar os serviços.

A ação penal tem nove réus, dentre eles o ex-diretor do Daerp Luiz Alberto Mantilla Rodrigues Neto, que firmou acordo de de­lação premiada com o MPE, e Marco Antonio dos Santos, ex­-superintendente da autarquia, o único dos acusados neste caso que está preso em Tremembé – ele também era secretário mu­nicipal da Administração e su­perintendente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) quando a Sevandija foi deflagrada, em 1º de setembro de 2016. Mais sete pessoas, entre elas a filha e a namorada de Mantilla e cinco executivos a empresa vencedora da licitação, a Aegea Engenharia, foram denunciadas.

Os réus chegaram a defen­der a nulidade do processo le­vantando a impossibilidade de atuação da Polícia Federal em crimes de competência estadual e a falta de descrição individua­lizada da conduta dos acusados. Mas o magistrado derrubou as teses, argumentando, entre outras respostas, que a PF tem prerrogativas legais para atuar no caso e que o processo é vas­to e inteligível o suficiente para instruir os advogados.

Em delação, Mantilla, acusa­do de operar o esquema de pa­gamento ao ex-superintendente Marco Antonio dos Santos, re­velou que as fraudes no Daerp começaram antes mesmo de sua contratação em 2015. Até mesmo o sistema de leitura nos hidrô­metros dos imóveis de Ribeirão Preto era fraudado, segundo ele. Disse, ainda, que os certames pre­viam falsas perfurações de poços e obras sem necessidade.

Ao descrever como eram fei­tos os repasses, o ex-diretor disse que R$ 600 mil foram entregues em espécie e os acertos chegaram a ser feitos na casa de Santos, no próprio Daerp e na Coderp. Em novembro do ano passado, uma decisão judicial bloqueou R$ 18,3 milhões da Aegea Saneamento e Participações S.A – detentora de 99,99% do capital da Aegea Enge­nharia – para resguardar os cofres do município.

A empresa e os executivos ci­tados negam todas as acusações. A construtora diz que só recebeu pelo serviço executado e que está à disposição para esclarecer as dúvidas. Os outros citados tam­bém refutam as acusações, com exceção de Mantilla. O vereador Marcos Papa (Rede Sustentabi­lidade) preside uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para acompanhar este caso. Man­tilla foi convocado, mas obteve o direito de permanecer em silên­cio. Não respondeu ás perguntas feitas pelos parlamentares.

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