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Tesla lá e Lula cá

Luiz Paulo Tupynambá * 
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O dia 11 de setembro está marcado na História pelo ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque em 2001. No atentado executado pela organização  mujahidin” Al Qaeda (organização terrorista para os países ocidentais), dois aviões atingiram as duas torres. Um terceiro avião mergulhou para atingir o Pentágono, o coração militar dos Estados Unidos, causando destruição e morte. O quarto avião, que provavelmente se dirigia para atingir a Casa Branca, acabou caindo na zona rural da Pensilvânia, queda causada pela luta travada entre sequestradores e passageiros. Quase três mil pessoas morreram nos atentados. 
 
A partir desse triste dia, o relacionamento entre o Ocidente, branco e cristão, com os povos islâmicos, fossem eles árabes, mouros, persas, afegãos, paquistaneses e outros, passou do já conhecido desprezo e indulgência para a desconfiança rancorosa, com o preconceito vindo para o primeiro plano no relacionamento dos ocidentais com esses povos. Os Estados Unidos e países coligados promoveram duas guerras em grande escala: a primeira contra o Afeganistão, para tentar capturar o inimigo número um, surgido com o atentado contra as Torres Gêmeas, o saudita Osama Bin Laden. De quebra, depuseram o tirânico e retrógrado grupo islâmico ortodoxo Taleban do poder no Afeganistão. Pouco tempo depois iniciaram a guerra contra o Iraque, derrubando o antigo ditador e ex-aliado Saddam Hussein, que por décadas recebeu dinheiro, armas e apoio de Washington para combater os xiitas do Irã. Hussein cometeu o pecado de mexer com interesses petrolíferos dos Estados Unidos e da família real saudita no Kuait. 
 
A desculpa da guerra foi que Saddam estava construindo e estocando armas de destruição em massa. Na verdade, Saddam era um ditador sanguinário, anti-comunista e inimigo jurado da Al Qaeda e dos xiitas. Foi derrubado e milhares de civis iraquianos morreram na guerra. O país perdeu toda a sua economia para interesses de grupos petrolíferos e de construção civil ocidentais. Quanto às armas de destruição em massa, melhor perguntar para a Fox, emissora do grupo de Rupert Murdoch, que vendeu essa fantasia para justificar a guerra. Nunca foram encontradas. Depois de quase vinte anosas forças armadas dos Estados Unidos deixaram o país, com um arremedo de democracia como sistema de governo. 
 
Porém, o maior legado da invasão foi o surgimento do Estado Islâmico, que, como se sabe, foi o causador da guerra fraticida na Síria. Mesmo “expulso” do Iraque e da Síria depois de anos de guerra, o Daesh (como o Isis é chamado pelos árabes) controla metade da Líbia, tem um grande número de combatentes no Egito, no Sudão e ligações com os militares golpistas do Mali. E continua ativo no norte do Iraque, no leste da Síria e no Afeganistão (onde é inimigo do Taleban). Quanto o pobre Afeganistão, teve o controle da maior parte do país “gentilmente” devolvido pelo governo dos Estados Unidos para o controle do Taleban. Joe Biden comemorou como um feito especial, que trouxe a paz, como Donald Trump, seu antecessor, tinha feito ao retirar-se do combate ao Daesh no Iraque e na Síria. Paz para quem, caras-pálidas? Pergunte para qualquer afegão que conseguiu fugir de lá. 
 
Toda essa intervenção militar na faixa central do Oeste da Ásia pelas forças ocidentais, acabou por provocar um êxodo de pessoas que fogem das guerras, da miséria, da seca e da fome. Elas estão numa região que começa na Tunísia, passa por Líbia e Egito, cruza a Palestina e o Iêmen, chegando no Iraque, na Síria e no Afeganistão. Traz consigo, também, refugiados das nações equatoriais da África, da Mauritânia à Somália. É uma triste procissão diária de barcos velhos apinhados de gente desesperada que cruza o Mediterrâneo, tentando chegar na Europa Maravilha. Aqueles que conseguem são mal vistos pelas populações europeias que tendem a considera-los invasores e usurpadores de empregos e de serviços públicos. Porém, esta é a população que vota, que elege os mandatários  dos países europeus por onde entram esses imigrantes. É o terreno fértil que é regado com o discurso xenofóbico e nacionalista, que cada vez mais encontra eco nas populações de países como a Itália, a França, a Espanha, a Grécia e por ai vai. A Europa está se tornando uma região de países governados por regimes de extrema-direita, nacionalistas e excludentes. Ainda tem uma “amarração” com a União Europeia, mas os nós que unem as partes distintas das nações da Europa estão ficando mais folgados e menos seguros. 
 
Estamos numa época de mudanças profundas nas relações econômicas, sociais e políticas. Em futuro próximo, com a plena chegada da Inteligência Artificial Generativa e a irreversível  mudança na matriz energética mundial, vamos encarar uma mudança política radical, com o aprofundamento das diferenças econômicas e sociais entre os mais ricos e os mais pobres. A tendência é de maior acumulação de riqueza nas mãos de poucos. Por outro lado, existirá uma demanda  imensurável por serviços públicos e caritativos para atender a população do lado pobre da moeda, que será de bilhões. Governos nacionalistas, de extrema direita, tem, em suas raízes históricas, exemplos do que poderão fazer com essa parcela que chamam de “improdutiva e irrecuperável”. Impedir que isso ocorra é tarefa de todo democrata do mundo. 
 
* Jornalista e fotógrafo de rua 

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