Um terrorista suicida do Estado Islâmico (EI-K) devastou uma mesquita xiita na cidade de Kunduz, no norte do Afeganistão, nesta sexta-feira, 8 de outubro, matando dezenas de fiéis em uma continuação mortal da campanha do grupo terrorista contra a minoria Hazara. Segundo líder xiita local, mortos podem passar de 70.
O massacre, enquanto a mesquita estava lotada para a oração de sexta-feira, foi o segundo do grupo contra uma mesquita em menos de uma semana. É a concretização dos temores dos hazaras afegãos de que a perseguição do Estado Islâmico não fosse controlada sob o governo do Taleban, que já atacou os hazaras no passado.
Segundo o grupo extremista islâmico, o suicida era chamado de “Mohammed, o uigur”, o que implica que ele fazia parte da minoria muçulmana chinesa. Relatos de testemunhas descreveram uma explosão poderosa com muitas baixas. Matullah Rohani, um oficial do Taleban em Kunduz, disse à mídia local que pelo menos 43 pessoas foram mortas no ataque e mais de 140 ficaram feridas.
Um líder da comunidade xiita local colocou o número de mortos muito mais alto. Sayed Ahmad Shah Hashemi, que representa a população xiita da Província de Kunduz, disse ao The New York Times que mais de 70 pessoas foram mortas no ataque. “Este incidente mortal causou trauma entre os xiitas e outros setores da sociedade”, disse Hashemi.
Horas depois da explosão, o Estado Islâmico Khorasan, também conhecido como EI-K, reivindicou a autoria do ataque. Foi o atentado mais mortal do grupo desde o ataque suicida no aeroporto internacional de Cabul, em 26 de agosto, que matou cerca de 170 civis e 13 soldados dos EUA.
O EI-K é um grupo extremista sunita que há muito tem como alvo os muçulmanos xiitas no Afeganistão, concentrando-se fortemente na minoria étnica hazara, que é predominantemente xiita. Grupo fundamentalista que busca instaurar uma versão radical da lei islâmica se espalhou por todo o país, invadindo uma cidade após a outra até conquistar Cabul.
No domingo (3), o grupo também realizou um ataque do lado de fora de uma mesquita em Cabul, a capital, que matou cinco pessoas. Nos meses anteriores à retirada das forças americanas do Afeganistão, entre oito mil e dez mil combatentes jihadistas da Ásia Central, região do Cáucaso do Norte na Rússia, Paquistão e região de Xinjiang, no oeste da China, invadiram o Afeganistão, segundo um relatório das Nações Unidas em junho.
A maioria estaria associada ao Taleban ou à Al-Qaeda, que estão intimamente ligados, mas outros eram aliados do Estado Islâmico. Ao reivindicar a autoria do ataque em Kunduz nesta sexta-feira, o comunicado do EI-K afirma que o assassino era da etnia uigure – uma minoria muçulmana oprimida no oeste da China.
A China há muito teme que o Afeganistão possa se tornar um refúgio para militantes uigures que possam tentar atacar os interesses do governo chinês em vingança por seus abusos contra a população muçulmana na Província de Xinjiang. O recém-instalado governo do Taleban, após derrubar a administração do país apoiada pelo Ocidente em agosto, está lutando para conter um Estado Islâmico revigorado.
O grupo tem se tornado cada vez mais antagônico nas últimas semanas, conduzindo ataques e explosões que incluíram combatentes do Taleban entre os mortos. O novo governo também está lutando contra o colapso da economia, já que o financiamento estrangeiro permanece em grande parte congelado.