O céu ficou vermelho em Ribeirão Preto, no início da tarde desta sexta-feira, 24 de maio, devido a um vendaval que levantou poeira na cidade. A tempestade de terra chegou logo após uma pancada de chuva. Entre 13h30 e 14h30, a nuvem avermelhada pode ser vista de vários pontos do município.
Ribeirão Preto não registrava chuva havia mais de um mês. Em março, a chuvarada atingiu cerca de 150 mm. Para abril a previsão era de 72 milímetros, mas a precipitação chegou a 123 mm, sendo que 100 milímetros apenas no dia 17. Desde então, não caiu mais água na cidade. Com o solo seco e a ventania, uma nuvem avermelhada pairou sobre o município.
A última vez que Ribeirão Preto registrou um fenômeno como o desta sexta-feira foi em 27 de setembro de 2021. Na época, moradores da cidade e de Franca relataram espanto nas redes sociais quando nuvens de poeira transformaram o dia em noite.
A tempestade de areia passou ainda por outras 25 cidades da macrorregião, como Barretos, e também por locais como Presidente Prudente, Jales, Araçatuba e Triângulo Mineiro. Em Ribeirão Preto, segundo os meteorologistas, as rajadas de vento atingiram entre 92 quilômetros por hora e 95 km/h durante a tarde.
A tempestade de terra tomou conta do céu e assustou moradores. A chuva e os ventos fortes são resultado de uma frente fria vinda do Sul do país e que atingiu a Região Sudeste na tarde desta sexta-feira. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho para algumas regiões do estado de São Paulo devido à possibilidade de temporal.
O Inmet classifica o evento como um tipo de “litometeoro”, isto é, “fenômeno causado pela suspensão no ar de partículas, geralmente sólidas, mas de natureza não aquosas”, dos quais os mais comuns são névoa seca, tempestade de poeira e turbilhão de areia.
A meteorologista Estael Sias, da MetSul, diz que o fenômeno é comum em países da Ásia, onde é conhecido como “haboob”. Ele é causado por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação, os quais acabam criando um “rolo compressor” de sujeira que pode chegar a até dez quilômetros de altura.
“Primeiro, vem a nuvem de temporal e tempestade, que gerou a corrente de vento mais horizontal e bagunçou todos esses detritos”. Segundo ela, com a estiagem há muita poeira, o solo e a vegetação estão secos, e as queimadas também contribuem.
Segundo a Climatempo, eram esperados seis milímetros de chuva para esta sexta-feira, com ventos de até 20 quilômetros por hora (km/h), mas a velocidade foi muito superior. A umidade relativa do ar caiu para 38%. A temperatura oscilou entre 16 graus Celsius e 27ºC. O Sol voltou a brilhar por volta de 14h35.
A Climatempo prevê mais chuva para este final se amaná, em Ribeirão Preto, com volume bem superior ao de ontem. Para este sábado (25) a previsão é de 16 milímetros. A temperatura vai despencar, variando entre 14ºC e 18ºC. A umidade sobe para 60%.
No domingo (26) são esperados 26 milímetros, com risco de temporal. Os termômetros devem marcar entre 13ºC e 16 graus, o dia mais frio do ano até agora, caso a previsão seja confirmada. A umidade avança a 82%, segundo a Climatempo. Na segunda-feira (27) deve chover mais 27 mm. A temperatura sobe um pouco, entre 14ºC e 20ºC.
Segundo os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), abaixo de 30% o município entra em estado de atenção e quando o índice é inferior a 20% a situação é de alerta. Abaixo de 12% já é considerado caso de emergência.
Foto: JF Pimenta