Tribuna Ribeirão
Artigos

Temos que olhar para frente, sem retrocessos

Estamos encerrando 2019 com bons motivos para co­memorar. A reforma da Previdência está aprovada, a taxa básica de juros está baixa, num patamar nunca visto antes no Brasil, e a economia avançou 0,6% do terceiro trimestre na comparação com o mesmo período anterior, segundo dados divulgados pelo IBGE no começo de dezembro. Esse cresci­mento econômico foi puxado, principalmente, pela iniciativa privada, o que é excelente, pois mostra que os empresários estão produzindo e começam a investir mais, dando sinais de que a recessão está ficando para trás. Claro, ainda temos 12,4 milhões de desempregados, problema sério que precisamos enfrentar rapidamente, pois não existe dignidade humana sem sustento, sem trabalho.

Paralelamente a esses avanços econômicos, o país perdeu uma posição no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), de acordo com relatório divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), baseado em dados de 2018. Atualmente ocupamos a 79ª posição entre 189 nações, ranking semelhante ao da Colômbia, Argélia e Tailândia. O PNUD mediu, também, a distribuição de renda entre a população e nesse quesito o de­sempenho brasileiro foi péssimo: temos a segunda maior con­centração de renda do mundo, ficando atrás apenas do Catar.

Desenvolvimento econômico precisa caminhar lado a lado ao desenvolvimento social. A saúde é um setor economicamen­te importante, que movimenta cerca de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e que está ligado diretamente ao social, assim como a educação. Desnecessário relatar neste espaço as dificuldades enfrentadas atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao subfinanciamento. A recente crise da saúde no Rio de Janeiro é exemplo. Mesmo assim, a Comissão da Câmara dos Deputados que analisa o orçamento de 2020 resolveu tirar R$ 500 milhões do Ministério da Saúde para fi­nanciar as campanhas municipais do próximo ano. Tirar meio bilhão de reais da saúde, com todas as dificuldades do SUS é, no mínimo, governar de costas para a sociedade, que esses deputados foram eleitos para representar.

Um ditado popular diz que devemos “fritar o peixe de olho no gato”. A política brasileira, infelizmente, funciona assim. A sociedade precisa encontrar meios mais eficientes para fiscalizar as atividades do Congresso Nacional, cobrar e reivindicar. Só com pressão popular será possível mudar os hábitos da velha política. Temos o que comemorar, mas outras coisas preocupam. Crescimento econômico por si só não proporciona desenvolvimento sustentável. As pessoas também precisam de saúde, educação e cultura. Afinal, de que vale um país economicamente pujante com um povo ignorante, doente e sem identidade?
Que em 2020 possamos olhar para frente, com avanços e sem retrocessos.

Postagens relacionadas

O largo caminho da falsidade

William Teodoro

Chico Buarque enganando a ditadura

Redação 1

Chega de educação bancária!

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com