A Justiça Federal do Distrito Federal recebeu uma denúncia contra o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o tornou réu – pela sexta vez. Ele vai responder por formação de organização criminosa e embaraço à investigação. A decisão é do juiz federal Marcos Vinícius Reis Bastos. Além de Temer, viraram réus os ex-ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
A denúncia, recebida em 3 de maio, acusa Temer de ter instigado o empresário Joesley Batista (do grupo J&F) a pagar vantagens indevidas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ).
A acusação contra o ex -presidente e os ex-ministros foi feita em 2017, pelo então procurador-geral Rodrigo Janot, e teve sua tramitação barrada após votação na Câmara – como Temer era presidente, a denúncia precisava da autorização dos deputados para avançar.
Com o fim dos mandatos de Temer, Moreira e Padilha, o caso voltou a tramitar na primeira instância, e o MPF ratificou a denúncia em abril.
Os diálogos entre Temer e Joesley foram revelados dois anos atrás e fizeram parte do acordo de delação premiada de executivos do grupo J&F. Na gravação feita por Joesley durante um encontro com Temer, o empresário afirmava que estaria tentando manter uma boa relação com Cunha, que já estava preso na época.
Durante a conversa, Temer proferiu a frase que depois ficou conhecida: “Tem que manter isso aí, viu?”.
Na avaliação do Ministério Público, a conversa indica que Temer dava anuência a pagamento de propina a Cunha.
No caso, que ficou conhecido como “quadrilhão do MDB”, o MPF acusa membros do partido de agirem de forma organizada para arrecadar propinas em diversos entes da Administração Pública, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica e diferentes ministérios.