Além de negar que a Rodrimar tenha sido beneficiada pelo Decreto dos Portos, em resposta às perguntas elaboradas pela Polícia Federal na investigação que apura suposto esquema de corrupção no Porto de Santos, o presidente Michel Temer negou conhecer o diretor da Rodrimar Ricardo Conrado Mesquita e Edgar Safdie, apontados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot como supostos intermediários de repasses de recursos ilícitos.
Nesta lista, Janot também citava Antônio Celso Grecco, presidente da Rodrimar, o coronel João Batista Lima Filho e o ex-assessor especial da Presidência da República José Yunes. Sobre estes, Temer reconhece e esclarece suas relações.
O inquérito da investigação, sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), apura se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado pelo presidente em maio, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos.
Além do presidente, são investigados Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer e ex-deputado federal, Grecco e Mesquita.
Ao responder que tem relações mais próximas com o coronel Lima e Yunes, Temer negou que tenha solicitado aos dois que recebessem recursos em seu nome em retribuição pela edição de normas contidas no Decreto dos Portos.
Temer também alegou à PF que não recebeu pedido de executivos da JBS para entrar em contato com a direção da Companhia Docas do Estado de São Paulo, para resolver pendências de empresas.
Ligação – Em uma das últimas perguntas, a PF pergunta o porquê de o Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, dizer em telefonema com Rocha Loures que o setor já havia “conseguido coisa demais” com o novo Decreto dos Portos. Temer responde que não “havia tomado conhecimento da afirmação”, e que, por isso, não saberia informar a sua razão. A ligação foi interceptada no dia 8 de maio de 2017.
Temer também nega que tenha dado alguma orientação a Rocha sobre o Decreto dos Portos.