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Tem sereia na Praia da Enseada

Dia desses, recebi um zap sobre uma cena que se passava numa praia. Uma bela moça, corpo malhado e usando um minúsculo biquíni, se exercitava como se estivesse numa aca­demia, até usava um elástico na altura dos joelhos pra abrir e fechar as pernas. E ali, naquele abre e fecha, abaixa e levanta, lógico que a galera masculina se agitava pra conseguir o me­lhor ângulo e prestigiar o esforço da garota em seu exercício.

Aquele manjado vendedor de óculos escuros faturou pra dedéu. Tudo isso acontecia a mais ou menos uns cinco metros do cara que estava gravando tudinho. A fala no áudio resume a situação do “cinegrafista”: “Eu venho pra praia com a família pra refrescar a cabeça, voltar pra casa zerado, daí aparece um demônio desses pra atazanar a minha vida”.

Praia é o lugar mais democrático que existe. Ninguém sabe quem está do seu lado, pode ser tanto o doutor quanto o encanador. Digo que na praia todo mundo é igual. Vou dar um exemplo do que me aconteceu. Meu amigo Cipó alugou um apê no Edifício Centauro, na Praia de Riviera de São Lou­renço, e lá fomos com nossas famílias.

Era um prédio só de empresários, cheio de mordomias, com lugar reservado na praia, cadeiras e guarda-sol persona­lizados e tudo mais. Notamos que funcionários do prédio, por volta das 11 horas, armaram uma barraca com um barril de chope de 50 litros. Todos que estavam no nosso prédio foram até lá, mas nós não. Seguramos a onda.

Não demorou quase nada, um deles se aproximou e per­guntou se estávamos no Centauro. Com nossa confirmação, disse: “Vocês têm direito de participar do chope todos os dias, vamos lá”. Nos apresentamos aos demais, papo vai, papo vem, chope pra dentro, alegria geral e Cipó disse: “Galera, o Bueno está com seu violão no apê e gosta de cantar”.

Foi aquele auê. Busquei meu pinho e logo mandei algumas canções marcantes, fiz algumas brincadeiras trocando a letra da música e foi aquela festa. Notei que a vida que levavam os impedia de pequenas coisas como a que eu estava proporcio­nando a eles naquele momento. Alguns se emocionaram com certas músicas que cantei. É sempre assim, a música tem um poder indescritível.

Precisei dar uma chegadinha no mar, daí um dos no­vos amigos disse: “Pera aí, Buenão, vou contigo.” Já no mar, emendou: “Buenão, deixe a onda bater no seu peito pra mas­sagear seu coração.” “Como você sabe”, perguntei. Ele disse: “Sou cirurgião de transplante do Incor”. Aproveitei a deixa e disse: “Pô, cara, então estamos na maior segurança (rsrsr)”. Só sei que a cantoria se deu ali por uma semana.

Mas vamos à sereia. Gosto muito de um pedaço da Praia da Enseada no Guarujá onde sempre fico. Chego cedinho e armo meu minúsculo boteco. Numa linda manhã, minha primeira-da­ma, pediu pra que eu olhasse a beleza de uma linda jovem que acabava de chegar com seu namorado. O cara tava que não con­seguia esconder o prazer de ter a seu lado uma joia tão valiosa.

Não tinha quem não olhasse pra moça. A comissão de frente abria qualquer passarela, nota 10. A retaguarda então era mais que perfeita. A garota sacou que era a rainha do pedaço e começou a desfilar sua beleza, ora rumo ao carri­nho de coco gelado, ora rodeando aquelas barracas que mais parecem uma loja sobre rodas.

O namorado deixava a bela reinar sozinha, e quando a moça levantava pra qualquer coisa, a mulherada do pedaço morria de ciúmes dos maridos, que por traz das lentes escuras esticavam seus olhares. Final de tarde, minha primeira-dama falou: “Você não notou os pés dela?” Ora, eu não tinha olhado os pés lhe per­guntei: “O que tem os pés dela?” E ela: “Tem ‘joanetes’”.

Pô! Só mulher pra ver estes pequenos detalhes.

Sexta conto mais.

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