Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão
O ano de 2022 foi decisivo na vida de Pamela Mussak, moradora de Franca. Ela estava grávida de gêmeas quando os médicos perceberam diferença no desenvolvimento dos bebês, durante exames de rotina. Graças ao comprometimento dos profissionais em buscar o diagnóstico correto, a paciente foi encaminhada para cirurgia rapidamente.
Sem a intervenção da equipe do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP) a família iria perder ambas as bebês em decorrência da Síndrome de Transfusão Feto-Fetal. O procedimento foi realizado pela Faculdade de Medicina com profissionais e equipamentos do próprio hospital, um marco para a unidade.
O professor Dr. Ricardo de Carvalho Cavalli, que recentemente assumiu a superintendência do Hospital das Clínicas, explica que essa cirurgia é indicada quando há desequilíbrio entre o crescimento dos bebês. “Um se desenvolve pouco e o outro excessivamente, como se um fosse o doador e o outro o receptor. Para corrigir o problema a cirurgia é fundamental. Os médicos acessam os fetos dentro do útero da mãe para fazer a coagulação dos vasos sanguíneos para interromper a comunicação entre eles. Sem isso a família perderá os dois bebês”, explica.
O rápido diagnóstico e a decisão imediata para a cirurgia foram fundamentais, segundo os médicos, para que uma das filhas de Pamela sobrevivesse. Olivia nasceu com 1,1 kg e quatro meses depois, passava dos três quilos. “A começar pela médica que fez o ultrassom, foi a agilidade e a integração dos profissionais que salvou minha filha”, relata a mãe.
Ela conta que é difícil explicar a sensação de alívio ao abraçar a filha, que nasceu prematura de 27 semanas. Uma vitória também para a primogênita do casal, de três anos, que ganhou status de irmã mais velha. “Agora ela está em segurança, é nossa!”, se emociona Pamela. Antes desse procedimento, as gestantes com a mesma necessidade de cirurgia intrauterina eram levadas para Campinas ou São Paulo. Com a criação do Centro de Cirurgia Fetal, as pacientes passaram a ser atendidas no HCFMRP-USP.
A professora Alessandra Marcolin também participou da cirurgia e classifica o momento como histórico para o hospital. “No setor de medicina fetal é uma inovação que garante às nossas pacientes o melhor atendimento. É uma revolução, cirurgia minimamente invasiva. Estamos muito felizes porque as mães seguem sendo cuidadas pela equipe aqui, com menos riscos, gastos e estresse”, relata.
Desde 2010 havia pelo menos um procedimento deste sendo realizado anualmente, mas sempre com apoio de outras unidades. “A cirurgia é para casos graves, nos quais o diagnóstico muda o resultado final. Atendimento especializado e humanizado faz toda diferença”, concluiu Dra. Alessandra.