No início de abril, a equipe do filme “Nossas histórias posithivas” utilizou o Teatro de Arena Jaime Zeiger, espaço cultural da Secretaria Municipal da Cultura, localizado no Morro do São Bento, como um dos cenários do enredo narrado neste longa-metragem da diretora Emília Silveira. Trata-se de um documentário – em fase de produção e ainda sem data prevista de lançamento – sobre a força do coletivo e da militância na transformação das pessoas e da realidade.
O filme retrata a força do grupo para neutralizar os fantasmas pessoais, a força da militância para transformar uma vida sem expectativas numa vida com sentido e a força dos dois na mudança desse quadro de inércia nas estatísticas da Aids. O filme contará a história de jovens de organizações não-governamentais (ONGs), youtubers, médicos, artistas ou simplesmente pessoas que se descobriram soropositivas e que hoje se dedicam com uma consciência e força enormes a esta luta.
Como um dos personagens do longa é ribeirão-pretano e tem uma relação de afeto com o Teatro de Arena, local escolhido para as filmagens. Tanto o seu depoimento como o de outros protagonistas foram gravados em estúdio e se entrelaçarão numa linha do tempo que tentará mostrar que o problema é de todos, infectados ou não. Destas entrevistas surgirá a trilha que narrará esta luta e, mantendo o sigilo de identidade, se associará a imagens feitas no dia a dia de três ou quatro desses entrevistados que serão os guias pessoais e afetivos desta caminhada.
As vozes variadas reforçarão a ideia de que o problema quando é dividido se transforma em força e as imagens tentarão reforçar a ideia de que junto se combate melhor. Das dificuldades diárias na luta pelos medicamentos, pela assistência médica, no combate ao preconceito e a desinformação e no esclarecimento sobre as questões sexuais e de prevenção.
O HIV acaba sendo um terrível sinalizador das condições de abandono que nossos jovens sofrem desde o início da vida escolar até o ingresso na vida adulta. Essa desinformação e esse preconceito acabam sendo elementos graves na disseminação do vírus e das infecções sexualmente transmissíveis. A vida deve ser vivida com liberdade, prazer, informação e autonomia. Escolher como viver é direito de cada um de nós.
Idealizado por Daniel Souza e dirigido por Emília Silveira, o documentário é uma produção da MPC Filmes, com os produtores executivos Luciana Boal Marinho e Diego Paiva. O roteiro é de Miguel Paiva com base em pesquisa de Salvador Correa. A montagem é de Vinicius Nascimento.
Teatro de Arena – Em 1969, foi inaugurado o Teatro de Arena, idealizado e construído por Jaime Zeiger. Construído numa meia-encosta, em uma área de aproximadamente seis mil metros quadrados, Jaime Zeiger realizou pesquisas em vários países da Europa e Oriente Médio para a escolha do local ideal: topografia que favoreceria a qualidade acústica do teatro. Foi o primeiro de arena construído no interior do Estado de São Paulo.
A peça “Antígona” (de Sófacles) foi o primeiro espetáculo apresentado no Teatro de Arena. Durante o ano de 1986 sofreu algumas reformas e foi reinaugurado em 1987. O local voltou a ser reformado e reaberto ao público em 2014, quando contou com 27 apresentações diversas. O mesmo aconteceu no ano posterior, quando foi fechado. No entanto, com o fechamento, ladrões aproveitaram a falta de segurança e furtaram fios, pias, vasos sanitários e outros materiais. Hoje está deteriorado.