Tribuna Ribeirão
Política

TCE reprova concessão do transporte

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP) considerou irregulares a licita­ção e o contrato de concessão do transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto, assinado em maio de 2012, durante a admi­nistração da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido). Segundo a análise dos conselheiros Dimas Ramalho (relator), Renato Mar­tins Costa (presidente) e Anto­nio Carlos dos Santos (auditor substituto de conselheiro), a concorrência superestimou a quantidade de passageiros que utilizariam o serviço durante a vigência do acordo.

Eles também consideraram que não houve cumprimento do cronograma fixado no edital, como o estipulado para a im­plementação de novas linhas do transporte coletivo e a compra de novos veículos. Vale lembrar que o contrato entre a prefeitura de Ribeirão Preto e o Consór­cio PróUrbano tem valor de R$ 131,4 milhões e validade de 20 anos, ou seja, até 2032.

Por causa das irregularidades apontadas. o Tribunal de Contas multou em 160 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesp, cada uma vale R$ 26,53 neste ano) a ex-prefeita Darcy Vera, o ex-secretário da Administração, Marco Antonio dos Santos, e o ex-superintendente da Empresa de Trânsito e Transporte Urba­no (Transerp), Willian Latuf. A multa corresponde atualmente a R$ 4.244,80. O PróUrbano – formado pelas empresas Rápi­do D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) – tem uma frota de 356 ônibus que operam 119 linhas.

O acórdão com a decisão do Tribunal de Contas ainda não foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e assim que isso acontecer deverá ser en­caminhado para o Ministério Público Estadual (MPE), que já tem ações civis impetradas para apurar o cumprimento das cláu­sulas contratuais. A prefeitura de Ribeirão Preto informou que aguarda a publicação da senten­ça para elaboração de recurso junto ao TCE/SP. Já o Consór­cio PróUrbano diz que não é parte neste processo, que não foi notificado na decisão e que quando for adotará as medidas jurídicas necessárias à defesa de seus interesses.

Reajuste da tarifa ainda em estudo
O Consórcio ProUrbano ainda está realizando os estudos para definir quanto pedirá de reajuste da tarifa dos transporte coletivo urbano, que por força contratual deve ser autorizado em julho, com prazo até dia 31 do mês que vem para começar a valer. Após esta etapa, o consórcio encaminhará o valor que deseja para a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), que posteriormente enviará a reivindi­cação ao prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB). É ele quem decide se concede ou não o aumento desejado pelo PróUrbano, via decreto publicado no Diário Oficial do Município (DOM). Atualmente, em Ribeirão Preto, o mecanismo utilizado para calcular o valor da tarifa é complexo e inclui itens como salário dos empregados do setor, índice da inflação e com­bustível – além de ser complexo, fica “escondido” no portal da prefeitura, no link licitações, den­tro do item concorrência 41/2011 – setor anexo 2. Foi esta concor­rência que definiu a concessão do transporte público na cidade, em maio de 2012. O reajuste da tarifa de ônibus em Ribeirão Preto gerou muita polêmica no ano passado. Em 13 de dezembro, o juiz Gustavo Muller Lorenzato, da 1ª Vara da Fazenda Pública, julgou o mérito do mandado de segurança impetrado por Marcos Papa, por meio de seu partido, o Rede Sustentabilidade. O vereador questionava o reajuste de 6,33% no preço da passagem de ônibus urbano, que elevou a tarifa de R$ 3,95 para R$ 4,20, aporte de R$ 0,25, em vigor desde 16 de setembro, com mais de um mês de atraso – deveria valer a partir de 30 de julho, mas uma “batalha” judicial barrou a correção. Na sentença, o magistrado reco­nhece falhas e anula o decreto do Executivo que aumentou de R$ 3,95 para R$ 4,20 o valor da passagem. Porém, como a decisão é de primei­ra instância e ainda cabe recurso da prefeitura ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o preço da tarifa não deverá ser alterado até o trânsito em julgado do mandado de segurança. Em 28 de maio deste ano, a Câmara de Vereadores aprovou, por unanimidade, projeto de Papa que obriga a Transerp a di­vulgar, de forma clara, transparente e compreensível para a população, os fatores geradores do reajuste da tarifa de ônibus na cidade – índice inflacionário, investimentos, des­pesas com pessoal, manutenção e insumos, entre outros. O projeto aprovado foi encaminha­do para o Executivo e, por força legal, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) tem até a data de hoje para sancioná-lo ou vetá-lo em função da legislação que estabe­lece o prazo máximo de 15 dias – após o recebimento do projeto –, para ele decidir. Caso vete, o projeto retornar para a Câmara de Vereadores que pode acatar ou derrubar o veto. Se derrubar, a lei é promulgada pelo presidente da Câmara, Lincoln Fernandes (PDT). Neste caso caberá ao Executivo ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) no Tribunal de Justiça do estado de São Paulo.

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