Uma cidade que respira música e é reconhecida por isso. Essa é Tatuí, declarada Capital da Música Paulista, por meio da Lei 12.544/2007, aprovada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e sancionada pelo então governador José Serra.
Com cerca de 122 mil habitantes, Tatuí possui uma relação histórica profunda com as artes, mas o fato que mais se destaca é a existência do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, popularmente conhecido como “Conservatório de Tatuí”, a maior escola de música da América Latina.
Para Claudia Freixedas, superintendente Educacional da Sustenidos – Organização Social de Cultura gestora do Conservatório de Tatuí -, a instituição se destaca pela qualidade.
“São formados profissionais de alto nível técnico, aptos a ingressar nos mais importantes corpos artísticos do país e do exterior, contribuindo, especialmente, com a cultura, economia e indústria criativas”, acrescenta.
O Conservatório é uma instituição de excelência, com formação que vai desde o canto lírico à MPB, passando pela luteria e artes cênicas, e representa o ‘sonho de consumo’ para artistas que almejam se profissionalizar.
Atualmente, a unidade atende a 2.244 estudantes de várias regiões do Brasil e, inclusive, de outros países, como Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Japão, México, Peru e Venezuela.
O estabelecimento, que completará 70 anos em 2024, foi argumento relevante na justificativa do Projeto de Lei 676, de 2004, de autoria do então deputado Waldir Agnello, que declara o município ‘Capital da Música’ do Estado de São Paulo.
“O Conservatório musical constitui-se, hoje, no mais sério e bem-sucedido esforço do Governo do Estado para a formação de instrumentistas, além de ser um dos pontos turísticos da cidade”, cita o documento legislativo.
Freixedas ainda salienta que a história do Conservatório se confunde com a história do município nas últimas sete décadas. “Pelo menos 50% de nossos estudantes são tatuianos e tatuianas. Profissionais aqui formados movimentam a economia com grupos musicais e teatrais, escolas particulares de música, eventos e espaços culturais. É uma cidade com forte vocação para as artes, também, para o turismo”, frisa.
O Conservatório é uma instituição do Governo de São Paulo, mantido pela Secretaria Estadual de Cultura. A sede em Tatuí possui estrutura completa de salas de aulas, auditórios, teatro, instrumentos musicais, acervo de figurinos e um alojamento.
Para o secretário de Esportes, Cultura, Turismo e Lazer de Tatuí, Douglas Dalmatti Alves Lima, a instituição é um orgulho para a cidade. “É uma grande referência nacional, que chancela o nosso título de capital da música. O Conservatório de Tatuí importa e exporta talentos para os quatro cantos do mundo”, disse.
Criação
É retratado na história que, na década de 1950, o violinista Otávio “Bimbo” de Azevedo e o violoncelista João Del Fiol, que tocavam em orquestras de cinema mudo, chamaram a atenção do deputado Narciso Pieroni, e foi iniciado um movimento para a criação da primeira escola de música do Estado de São Paulo. A proposta foi aprovada na Alesp em dezembro de 1950, e sancionada pelo então governador Lucas Nogueira Garcez, em abril de 1951.
Cerca de 800 eventos anuais
Um verdadeiro centro de produção cultural e artística, de música e dramaturgia, o Conservatório realiza cerca de 800 eventos anuais, que atraem um público de 120 mil pessoas, movimentando o município.
Para o 2º semestre deste ano, estão programadas diversas atividades, entre elas, o 28º Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo; YAM e Big Bang, dois importantes festivais internacionais de música para o público infantil e juvenil; Encontro Latinoamericano de Bandas; 2º Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha, voltado a intérpretes pretos, pardos e indígenas; Concurso de Música de Câmara, entre outros.
Da música e dos doces caseiros
O site da prefeitura de Tatuí traz em destaque o título: “Capital da Música e Terra dos Doces Caseiros”. O reconhecimento pela vocação culinária foi concedido ao município em 2021, por meio de aprovação na Câmara Municipal.
Essa parte doce da história de Tatuí começou por volta de 1952, quando a Dona Belarmina de Campos Oliveira, moradora da cidade, começou a fazer o doce ABC (abóbora, batata e cidra) em sua própria casa, de maneira modesta. A ideia agradou e inspirou outras doceiras.
“O sucesso foi tanto, que o doce ABC hoje é exportado para os Estados Unidos, Japão e Europa”, explicou o secretário estadual, Douglas Dalmatti.
Uma lei municipal no ano de 2015 declarou os doces ABC como patrimônio cultural e imaterial da gastronomia tatuiana.
Segundo o secretário de Cultura, devido a essa relevância, foi criada em 2013 a “Festa do Doce de Tatuí”, sendo incluída no Calendário Turístico do Estado pela Lei Estadual nº 15844/15.
Em uma união de “doce com música”, a festa conta com diversas apresentações de grupos e integrantes do Conservatório de Tatuí. O evento é realizado no mês de julho. Neste ano, a festa aconteceu dos dias 6 a 9.