Tribuna Ribeirão
Política

Tarifa de ônibus vai parar na Justiça

Alfredo Risk

O vereador Marcos Papa, por meio do Partido Rede Sus­tentabilidade, impetrou um mandado de segurança coletivo preventivo – com pedido de li­minar –, na Vara da Fazenda Pú­blica de Ribeirão Preto, na tenta­tiva de barrar o reajuste anual da passagem de ônibus na cidade, que será definido no final de ju­lho. No ano passado, através do mesmo instrumento jurídico, o parlamentar conseguiu suspen­der o aumento durante 47 dias, até o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) derrubar a deci­são de primeira instância.

No mandado de segurança, Papa destaca que contratual­mente a revisão ocorre em julho e pede a suspensão de qualquer reajuste tarifário até o julgamen­to definitivo da ação protocola­da na última quarta-feira, 26 de junho, na Vara da Fazenda Pú­blica de Ribeirão Preto. Ele tam­bém elenca na petição sucessi­vas decisões que sedimentaram a precariedade do transporte público no município, como o recente julgamento do Tribu­nal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP).

Em 4 de junho, os conselhei­ros Dimas Ramalho (relator), Renato Martins Costa (presiden­te) e Antonio Carlos dos Santos (auditor substituto de conselheiro) reprovaram a concorrência e o contrato de concessão celebra­do em maio de 2012 e aplicou três multas de R$ 4.244,80 à ex-prefeita Darcy Vera, ao ex-secretário da Administração, Marco Antonio dos Santos, e ao ex-superintendente da Empresa de Trânsito e Transporte Urba­no (Transerp), Willian Latuf.

Segundo o TCESP, a concor­rência superestimou a quantida­de de passageiros que utilizariam o serviço durante a vigência do acordo. Eles também conside­raram que não houve cumpri­mento do cronograma fixado no edital, como o estipulado para a implementação de novas linhas do transporte coletivo e a compra de novos veículos. Vale lembrar que o contrato entre a prefeitura de Ribeirão Preto e o Consórcio PróUrbano tem valor de R$ 131,4 milhões e validade de 20 anos, ou seja, até 2032.

Uma representação de Papa denunciando supostas falhas no sistema do transporte coletivo urbano da cidade foi juntada ao processo e acabou sendo jul­gada procedente pelo TCESP. O vereador ressalta ainda que, em 30 de abril, o juiz Regi­naldo Siqueira, da 1ª Vara da Fazenda Pública, determinou que o Consórcio PróUrbano pague R$ 7,7 milhões à Tran­serp, valor correspondente à taxa de gerenciamento. O ma­gistrado mandou o repasse ser seja retomado imediatamente.

O pagamento da taxa cons­ta no contrato de concessão. A concessionária alega “bitributa­ção” no pagamento da taxa de gerenciamento e do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Na­tureza (ISSQN), mas a Justiça julgou “improcedente” a ação do PróUrbano . O consórcio também argumenta que a ad­ministração anterior não estava pagando parte do subsídio da gratuidade do transporte coleti­vo para os estudantes – a cidade tem 13.061 estudantes de escolas públicas cadastrados com direi­to à gratuidade e, segundo a pre­feitura, atualmente este repasse está regularizado.

Em nota, o Consorcio PróUr­bano afirmou que “a suspensão da taxa de fiscalização foi deter­minada pelo Tribunal de Justiça, mesmo colegiado que irá julgar o recurso que será interposto contra a sentença agora profe­rida. O consórcio, assim, confia que o TJ/SP irá manter a suspen­são da cobrança da referida taxa”, diz o texto.

Longa batalha
Em julho do ano passado, ao analisar o mandado de seguran­ça, o juiz Gustavo Muller Loren­zato, da 1ª Vara da Fazenda Pú­blica de Ribeirão Preto, barrou o aumento de 6,33% na tarifa por 47 dias – em 30 de julho, deveria saltar de R$ 3,95 para R$ 4,20, acréscimo de R$ 0,25, mas só começou a valer em 16 de se­tembro. Porém, após recursos da prefeitura, a medida cautelar foi derrubada no Tribunal de Justi­ça e o reajuste foi repassado aos usuários do transporte público.

Em dezembro, Muller Lo­renzato julgou o mérito do mandado de segurança de Papa, reconheceu falhas e anulou o decreto n° 220, de autoria do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que autorizou o reajuste da tarifa. Para não causar caos tarifário e insegurança jurídica, o magistrado manteve a passa­gem em R$ 4,20 até o julgamen­to em instâncias superiores – o que ainda não ocorreu.

“Qualquer reajuste agora acarretará em um caos tarifá­rio no município e insegurança jurídica, uma vez que uma de­cisão de primeiro grau julgou nulo o decreto do prefeito que, em 2018, concedeu aumento na passagem de R$ 3,95 para R$ 4,20. Ou seja, é temerária qual­quer revisão tarifária enquanto não transitar em julgado o man­dado de segurança que movi no ano passado”, afirma Papa.

Atualmente, o Consórcio PróUrbano, formado pelas em­presas Rápido D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) – tem uma frota de 356 ônibus que operam 119 linhas –, pro­move os estudos para definir quanto pedirá de reajuste da ta­rifa do transporte, que por força contratual deve ser autorizado no mês de julho. Após a elabo­ração do levantamento, o grupo encaminhará as planilhas com o valor pleiteado para a Transerp, que posteriormente enviará tudo para o prefeito – é ele quem vai decidir de quanto será o au­mento, por decreto.

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