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Entrevista com Tardelli: ‘Olha o gol’

FOTOS: JF PIMENTA

“O Italiano, o J. Palma teve um problema e não pode fa­zer o plantão hoje. Você faz?”. A pergunta foi feita pelo en­tão chefe de equipe esportiva da Rádio PRA-7, hoje Rádio Clube, Jovino Campos ao jovem repórter Ricardo Tar­delli. O jovem acatou o pedi­do. “Nunca mais mandaram eu parar”, brinca Tardelli.

Foi assim que Ricardo Tar­delli iniciou sua trajetória de sucesso como plantão espor­tivo no rádio. A data ele não lembra com exatidão, mas foi bem no início de carreira. Hoje, aos 78 anos, continua informando os amantes do fu­tebol, com a mesma “pegada” de antigamente.

Tardelli conta que sempre gostou de rádio e futebol. “Eu e o Indálecio Carvalho éra­mos amigos. Morávamos na Vila Tibério e sempre a gente falava que iria trabalhar na rádio”, recorda. Assim como o saudoso amigo, Tardelli conseguiu a oportunidade. “Meu pai era amigo do José Veloni (ex-vereador) e o Ve­loni conseguiu uma vaga pra eu trabalhar como meta (re­pórter esportivo) na equipe da Rádio Colorado. Quem comandava era o Antônio Magrini (também falecido)”. O primeiro jogo foi Comer­cial e Esportiva Guaratingue­tá, no antigo estádio Costa Coelho, há 59 anos.

“Toquei o barco. Fui tra­balhando”. Ser repórter es­portivo há seis décadas era muito diferente. Sem inter­net, telefone e com a TV iniciando, rádio era o prin­cipal veículo de comunica­ção. Conseguir um ‘furo’ de reportagem era o desejado pelos profissionais. Tardelli lembra de um. “A jornada es­portiva era Comercial contra Corinthians e Botafogo con­tra Ferroviária. Fui para Luís Pereira (estádio) fazer meta e o Botafogo perdeu por 1 a 0. O técnico era o Canhotinho e percebi que os diretores iam demiti-lo. Eu apurei e falei no ar. Muita gente duvidou, os repórteres mais experientes principalmente. Mas ele foi demitido”, lembra.

Além da Colorado e PRA- 7, onde ficou por sete anos, Tardelli também empunhou os microfones das rádios Cultura, 79, Clube (Clube Verdade), novamente na 79 e atualmente na CMN. “Acho que trabalhei com quase to­dos os profissionais”, ri.

Ao ser perguntado quem foi o melhor narrador espor­tivo com quem trabalhou, Tardelli não titubeou. “Foi o Helton Pimenta”. “Mas tra­balhei com muito narradores excelentes como o Marco An­tônio Matos, Luiz César, Luís Carlos Briza, Indalécio Car­valho, César Bruno e por ai a fora, muita gente”.

Além de radialista, foi cor­respondente do jornal Gazeta Esportiva, um dos principais diários esportivos do esta­do, nas décadas passadas. Foi também correspondente da Rádio Bandeirantes, no pro­grama Bandeirantes nos Es­portes, que divulgava as notí­cias do futebol do interior.
Tardelli lembra que teve algumas oportunidades de trabalhar em São Paulo, sonho de muitos radialistas. “Por in­dicação do Fiori Giglioti (um dos principais narradores es­portivos do Brasil) trabalhei uma vez na Bandeirantes, mas não deu. Eu tinha um emprego muito bom na Cer­vejaria Antártica, era respon­sável pelo setor de expedição e conseguia conciliar o rádio e a fábrica. Trabalhei na fábrica por 32 anos. Por isso não fui”, explica. Ele lembra do jogo na rádio paulistana. “Foi Portu­guesa 3, Marília 1”

Avanços tecnológicos
Trabalhar atualmente é muito mais fácil, segundo o experiente plantão esportivo. “Hoje é uma maravilha. O gol sai e você fica sabendo na hora. Mas no passado a gente tinha um monte de rádio liga­do. Era só chiado e você tinha que identificar o gol para in­formar, era uma luta”, brinca.

O plantão esportivo era auxiliado por rádios escutas. “Muitos deles não seguiram e outros entraram na rádio. Por exemplo, o Salvador Pane foi rádio escuta quan­do jovem, mas se tornou coronel da Polícia Militar. O Coraucci Sobrinho chegou a fazer rádio escuta e virou ra­dialista e deputado”.

Apesar das facilidades tec­nológicas, Tardelli segue uma rotina à antiga. Chega todos os dias por volta das 7h. Liga o rádio, mas não descarta o computador. E as principais informações são passadas para o papel numa antiga má­quina de escrever. “Eu faço porque gosto e amo rádio. E porque meus filhos (Sérgio Ricardo e Marcos Henrique) me apoiam. Eles me trazem, me acompanham e me bus­cam todos os dias”, finaliza.

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