Tribuna Ribeirão
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Suspeito de hackear Moro seguirá preso

O juiz federal Ricardo Lei­te, da 10ª Vara Federal de Bra­sília, decidiu manter, em prisão temporária, Danilo Cristiano Marques, de 36 anos, alvo da Operação Spoofing, que mira ataques hacker a celulares de mais de mil pessoas, entre elas, autoridades dos três Poderes. O magistrado ressalta a ne­cessidade de esclarecer os 60 chips de celular encontrados na casa dele, além do uso de seu endereço por Walter Del­gatti Neto, o “Vermelho”, de 30 anos, que assumiu a autoria das invasões.

O magistrado ressalta que a atuação de Danilo Marques “não se restringia à ‘testa de fer­ro’ de Walter Delgatti, havendo indícios de sua participação di­reta nas fraudes bancárias e este­lionatos praticados pelo bando, sendo plausível ter adquirido os 60 (sessenta) chips apreendidos em seu poder para tal prática”. “As investigações ainda estão em curso e parte do material arre­cadado pela autoridade policial ainda não foi periciado, o que é razoável, haja vista que a busca é recente e a grande quantida­de de computadores, celulares e mídias apreendidos”, escreve.

O juiz segue. “Já se pode concluir pela participação de Danilo nas fraudes bancárias e estelionatos, juntamente com os comparsas, mas é cedo para afirmar que tais práticas não têm relação com as inva­sões de contas de aplicativo de autoridades públicas, uma vez que não foi esclarecida: a motivação de Walter Delgatti para o acesso das contas Tele­gram, a possível relação com as fraudes bancárias e em que consistiu a participação de cada investigado”.

“Vale lembrar que um dos IPs utilizados por Walter Del­gatti para as invasões foi loca­lizado em imóvel alugado em nome de Danilo. Também, ain­da não foi esclarecido se os 60 (sessenta) chips encontrados com Danilo foram utilizados no procedimento empreendi­do por Walter para a violação da intimidade das vítimas e não se descarta a hipótese de que Walter obtinha os dados cadastrais das vítimas via inva­são por aplicativo e repassava ao bando para a prática de es­telionatos e fraudes bancárias”.

“Portanto, justifica-se a uni­cidade das investigações em razão da conexão probatória, sendo prematuro afirmar que a invasão de dispositivo de infor­mática via aplicativo não guarda relação com as fraudes bancá­rias, estelionatos, lavagem de di­nheiro e outros delitos, de forma a atrair a competência desta Jus­tiça Federal”, conclui.

Além do motorista Dani­lo Marques, preso em Ara­raquara, e Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, detido no Edifício Premium, na ave­nida Leão XII, bairro da Ri­beirânia, na Zona Leste de Ribeirão Preto – que seria o líder da suposta quadrilha –, também estão presos Gusta­vo Henrique Elias Santos, de 28 anos, e a namorada dele, Suelen Priscila de Oliveira, de 25. Eles foram detidos em São Paulo. O apartamento de “Vermelho” foi alugado em nome de Marques.

Entre os celulares hackeados via aplicativo Telegram estão o do ministro da Justiça e Segu­rança Pública, Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol (coordenador da Operação Lava Jato no Paraná) e centenas de procuradores, juízes e delegados federais, além de jornalistas.

Inicialmente, os quatro presos são investigados pelos crimes de invasão de disposi­tivos informáticos e intercep­tações telefônicas, que prevê pena máxima de três anos e quatro meses. Caso também sejam enquadrados na Lei de Segurança Nacional, como defendem integrantes do Pla­nalto, a punição pode chegar a 15 anos de prisão.

O grupo suspeito de pro­mover ataques virtuais teve como alvo até o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Na lista estão ainda os presidentes da Câmara, Rodri­go Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A lista de auto­ridades alvo do grupo também inclui o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), José Otávio Noronha

Além deles, a procurado­ra-geral da República, Raquel Dodge, e pelo menos 25 mem­bros do Ministério Público Federal. Ainda há o ministro Paulo Guedes, da Economia. Nem todas as vítimas foram identificadas. Segundo a Polícia Federal, a ofensiva revela a vul­nerabilidade da comunicação na cúpula dos três Poderes. No caso de Bolsonaro, os investiga­dores já sabem que a tentativa de acessar os dados no aplicati­vo Telegram foi bem-sucedida e ocorreu neste ano.

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